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domingo, 20 de janeiro de 2019

Poema sigiloso


E quando eu a vi naquela
janela com os olhos mais abertos
que o mais aberto de todos os girassóis,
eu perguntei às mulheres da vida o
que havia passado com aquela dona
cujo olhar batia em mim como ondas
batem à beiras das pedreiras íntimas
de mares longínquos e as mulheres que
vendem seus corpos por tostões suados
me disseram que há muito ela passava os dias
de sol quente a mirar luas cheias no coração do sol!
E nunca vi tanta filosofia em tão surradas palavras,
pois, as palavras são como os doces das cristaleiras
que só ganham valores quando por meninos
arteiros são furtados às pontas dos pés, pois, enquanto
são repartidos aos sabores dos dias mesmeiros entre
adultos risonhos não alcançam horizontes alguns!
Pois, portanto, foi um beijo, um beijo tão ousado
de um aventureiro que começou em seu rosto tão
sofrido, esquecido, vendido e maltratado, esponjeado
de pó de arroz do mais simples e vendido nas vendas
das estradas e que desceu pelo seu rosto, por sua boca
muda que não havia ainda soltado um suspiro de verdade,
que desceu por seu corpo, que lhe adentrou para sempre
em sua lembrança e daquele dia em diante sua janela
não via mais o panorama de antes para uma rua
dos prazeres dos outros, dos marinheiros cansados,
de uma ou outra mulher que às vezes mudava de casa,
na esperança que do outro lado houvesse mais ambulantes,
pois, ninguém superaria aquele momento e que não valeria
mais a pena vender seu corpo, pois não tinha mais nada a receber.

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