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domingo, 20 de janeiro de 2019

Escolher com sabedoria

Escolher com sabedoria (José Do Amaral)
Quando todos souberam através do Almuadem que Al Ammar havia chegado à cidade e proferiria uma palestra nos jardins da mesquita, toda a Medina se movimentou de intensa curiosidade.
Ouvir a um sábio é estar aos pés do Eterno, e que Ele seja lembrado! Os lampiões foram todos abastecidos para alumbrar a noite e as almohadas espalhadas por todo o pátio sobre os ladrilhos, enquanto as pessoas se acomodavam aguardando a sagrada hora da chegada do grande sábio.
Este apareceu com sua tradicional túnica branca de acordo com a Ordem de Melquisedeque e desta forma também a todos saudou e traçando no ar o símbolo sagrado do infinito a todos contagiou com seu brilhante sorriso.
Porém, em vez de começar sua ensinança, preferiu fazer uma proposta a todos. Daria uma oportunidade ao Alcaide de fazer-lhe uma pergunta, sobre a qual estabeleceria seu ensino. Ora, este não perdeu a fantástica oportunidade e às portas de sua vaidade, com o intuito de aparecer e desorientar ao sábio, perguntou-lhe: “Ó grande filho de Allá’h, o que o senhor sabe do início e do fim?”
Seríamos uns tontos borrachos se pensássemos que diante de tal proposta se desconcertaria o nosso nobre orador diante daquele facínora administrador.
“Do princípio e do fim só podemos falar através de mitos como um eslabón! O único que existe é este aqui/agora! Se eu soubesse do princípio seria um asno, pois estaria antes do princípio e não seria dele que estaria a falar! Como falar de algo inicial recuando-me antes dele? Não são com palavras que se fala do princípio, porque nenhum ser humano estava antes dele. Da mesma forma não se pode falar do fim, pois é necessário estar após ele e já não seria o fim! Não são com palavras de alquiler que duram por curto tempo, o modo de tratar destes assuntos! Estas idéias estão no campo do pensamento mitológico, como uma âncora para substituir a linguagem impossível de descrevê-las. O único que existe é este momento ou cada momento que vivemos! Mas é necessário ter cuidado com o conceito de princípio e fim quando é mal vivido. Por exemplo, se neste momento, em qualquer Medina o governo tem sido injusto e opressor com seus habitantes, ele poderá estar dando um princípio ao seu fim e um fim ao seu princípio de governar!”
E retirando-se dos arredores da Mesquita, repetindo seu aceno de despedida com seu sagrado símbolo do infinito de acordo com a Ordem de Melquisedeque, semeara ali a maior possibilidade que um povo pode ter, a de buscar por si mesmo o caminho da igualdade, da fraternidade e da liberdade ao saber escolher bem os seus representantes.

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