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sábado, 19 de janeiro de 2019

Pontinho Natalino

Pontinho natalino

A família de tão pobre nada continham se imaginar que a mesa era um caixote maior encontrado no lixão, enquanto as cadeiras eram outros pequeninos troncos; mas, decidiu comemorar o Natal, isto bem explicado que também não tinham casa sendo aquele sujo nicho encravado debaixo da ponte com alguns desenhos a carvão do resto do fogo acendido na manhã, riscos por onde os meninos arriscaram seus primeiros traços de grafite, portanto não possuíam nada, nada mesmo, e no entanto, queriam comemorar o Natal, pois todos o comemoram e por que não os sem tudo? Ora, os com tudo comemoravam e assim sejam sem mesmo tudo em volta da tal mesa de caixote, em volta com alguns pequeninos troncos achados ao léu, sentaram-se naquela noite de estrelas colaterais piscando no distante infinito, sob um aceitável silêncio, pois os com tudo não deslizavam seus carros sobre a ponte, agora já estacionados em garagens; assim eles combinaram passar o Natal, sem velas, sem ceias, sem presépios, sem árvores natalinas, sem papais noéis, sem reverências diárias de uns para os outros com suas frases decoradas, “feliz natal e próspero ano novo”; também quem iria desejar aos sem nada algumas coisas destas? Natal feliz? Ano novo próspero? Mas com tudo isto por decisão unânime sentaram-se a festejar o natal e sobre uma tampa de lata de sardinha sobre a mesa de caixote apenas sustentavam uma brasa semi acesa, em conjunto ao qual sopraram em última tentativa exclamando feliz natal! Assim a brasa apenas avermelhou como uma moça nova quando se encanta com algum elogio adolescente, mas foi-se esvaindo, esvaindo e voltando ao carvão, enquanto todos aqueles sem nada, debruçavam sobre seus sonhos de uma farta mesa, mesmo que eles fossem se apagando aos poucos e que mal faz, pensavam, se desta forma também não tombavam os viajantes dos desertos, procurando águas e tendo alucinações delirantes? Pela via do delírio comemoraram o natal, mas que mal faz se pelo delírio de consumir também assim se esvaem todos aqueles com tudo e de com tudo que buscam sempre morrem na ânsia do nada ante o fabuloso monstro do consumo?

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