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domingo, 25 de agosto de 2019

Poema para Florbela Espanca

Amor como adaga a me transpassar 
o meu distante sentir por dentro; 
sabre de ouro a me espancar tal 
qual a flor mais bela jorra o perfume 
da taça de cristal de suas pétalas 
a fecundar o orvalho madrigal. 
Ah! Florbela Espanca a me visitar 
no meu profundo delírio outonal, 
um doce espancar sem dor e sem tédio, 
pois o estilhaçar do amor é um bater 
com plumas leves nos cílios que amparam 
os polens a jorrar como contas gotas pingadas. 
Caem estrelas cadentes, farto remédio, 
enquanto de amar na alma se morre, 
silente se remedia o regato do 
pranto ao dispor a veste de seda luzente, 
a desfigurar o rubor do rosto dedilhado por pálpebras 
de cais em lágrimas, como um soluçar de Florbela Espanca 
em notas musicais de partitura solene, 
no meu pensar amanhecido e ensolarado 
pelo lembrar vivido de seu dourado canto.

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