Amor como adaga a me transpassar
o meu distante sentir por dentro;
sabre de ouro a me espancar tal
qual a flor mais bela jorra o perfume
da taça de cristal de suas pétalas
a fecundar o orvalho madrigal.
Ah! Florbela Espanca a me visitar
no meu profundo delírio outonal,
um doce espancar sem dor e sem tédio,
pois o estilhaçar do amor é um bater
com plumas leves nos cílios que amparam
os polens a jorrar como contas gotas pingadas.
Caem estrelas cadentes, farto remédio,
enquanto de amar na alma se morre,
silente se remedia o regato do
pranto ao dispor a veste de seda luzente,
a desfigurar o rubor do rosto dedilhado por pálpebras
de cais em lágrimas, como um soluçar de Florbela Espanca
em notas musicais de partitura solene,
no meu pensar amanhecido e ensolarado
pelo lembrar vivido de seu dourado canto.
Poemas e contos contribuem para a recuperação de nosso ser, viajando pelos nossos mitos e arquétipos, pelas lendas, pelas aventuras de nossa essência através das dunas do tempo.
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