A tarde emoldurava-se de cinzas e quantos entardeceres lindos matizados de azuis e lilases encontravam-se como velhas lembranças na memória daquele povo isolado naquela ilha oceânica.
Em um momento destes vislumbravam ao longe uma imensa
embarcação a vela deslizando suavemente em direção a um recanto manso onde as
águas se espreguiçavam há dezenas de anos e se espalhavam pela areia em desenhos
refinados como crochês de linha branca em um tecido pardo.
Logo em seguida alguns aborígenes para lá se dirigiram na
esperança de que outros seres por ali chegassem e trouxessem-lhes a
possibilidade de vencer a imensidão oceânica e encontrar outras civilizações
além do infinito desafiador.
Não havia ninguém naquela nave, nenhuma pessoa, nada, estava
completamente vazia, tão ampla e sem ninguém por dentro, sendo o mais incrível
a forma como chegara até ali, sem nenhum tripulante, marinheiro ou qualquer
mestre de náutica; não existindo quem pudesse responder estranha indagação.
Foram dormir e naquela noite mais surpresos do que nos
últimos anos, logo após um imenso tsunami que levara ao fundo do oceano toda a
civilização anterior, levando-os a um nível zero de cultura em termos de
conhecimentos e tecnologia.
Antes, seus pais e avós etc. viviam luxuosamente em arranha
céus fabulosos com seus computadores super avançados e atravessavam nosso
sistema solar e já palmilhavam partes da nossa Galáxia Via Láctea; porém agora
foram reduzidos a uma comunidade perdida nos confins do planeta em uma ilha
como uma prisão intransponível.
Quando acordaram na manhã seguinte, a embarcação desaparecera
e aumentou mais ainda o espanto de todos, pois se chegara sem marinheiros, como
dali saíra também sem tripulantes que a conduzisse com segurança.
As horas passaram em uma ampulheta no centro da aldeia,
quando à tardinha surgiu no horizonte marítimo a mesma nave do dia anterior e
se dirigiu ao mesmo local, novamente sem nenhum ser a bordo.
Mais uma noite foram dormir pensativos e nas noites seguintes
notaram que a embarcação desaparecia e voltava ao entardecer. Neste vai e vem
de surgir e desaparecer começaram a perceber que não era uma barca realmente,
mas que era diferente, bem diferente, pois era alongada, feita de um material
sintético.
Assim tomaram consciência que na visão deles sobre mares só
andariam caravelas, navios, barcas e foi desta forma que a perceberam
inicialmente. Também na mente deles havia uma estrutura pensante de que estes
objetos contém seres humanos, marinheiros etc. a bordo...
Abrindo mais ainda a consciência notaram que existiam sim
alguns seres naquele objeto que não era uma barca, mas um objeto voador que
sobrevoava a face do oceano e aqueles seres queriam se comunicar com eles.
Então se dispuseram a ouvi-los de tão desesperados que
estavam prisioneiros há décadas naquela ilha continental.
Assim estes seres mais tarde transformados em deuses, semideuses,
anjos alados deram o ponta pé inicial naquela civilização com seus Iniciados
pronunciando com seus verbos solares os novos ensinamentos como de outras vezes
já sucedera... resta saber se a futura humanidade aprenderá algo com esta nova
oportunidade....fica apenas uma reflexão...
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