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quarta-feira, 30 de março de 2022

Esperança

 Eu sei que não é fácil.

Com o Eterno tudo é possível.

Eu sei desta escuridão terrível.

Há luz lá no fim do túnel.

Eu sei que não é táctil.

O esforço torna versátil.

Eu sei que não é dúctil.

Com humildade torna-se útil.

Se uma imagem agora vem.

Outra em seguida também.

Segue enfim a vida.

Segue enfim sem fim.
A alma segue infinita.
Nosso corpo é apenas portátil.
Para vencer o espectro da esquina.
É preciso dobrar e ser arqueável.
Para expandir a retina.
Há que adorná-la com um laço de fita.

Delírio

 Há marionete que dança, rebola,

desliza, gesticula, pinta o sete!

Não há quem fique louco!

Pois assim se submete!

Mas esperem um pouco!

Vejam quem está por trás,

percebam quem é o grumete.

Tenham cuidado com o ventríloquo!

Lembranças interioranas

De branco eram caiadas todas as casas,

de azuis as portas, janelas todos os umbrais,

em volta de tudo um sereno orvalhado,

do alto das serras meus olhos em asas,

voavam por ribeiras de grandes mananciais,

até um horizonte infinito e alongado!

O sol no monte surgia em brasas,

enquanto o vento soprava cada vez mais,

sentia o doce cheiro de alecrim dourado!

Os terreiros de café eram largas praças,

montados em cavalos de olhares cordiais,

cavalgávamos o mundo em cada lado!

Buscávamos o barro branco em taças,

pois o nosso cuidado era puro e demais,

rebocávamos o fogão de lenha e caiado,

sorridente sempre aceso com mil brasas,

iluminava aquele mundo além dos capinzais,

mesmo assim ainda sobrava um bocado,

nas paredes passávamos o resto das massas,

quem se aproximava dos nossos quintais,

ficava com um sorriso no rosto iluminado!

segunda-feira, 28 de março de 2022

A borboleta

Para que tantas borboletas se uma

apenas vale a pena?

No vôo de uma eu me prendo.

Nas asas de uma me afago.

Na beleza de uma me rendo.

Na grandeza de uma deságuo.

Somente uma é como a flor da açucena.

Romântica, feminina, exuberante, plena!

domingo, 27 de março de 2022

Vc 176

Pois bem, tudo o que me disseste o que guardei?

Às vezes olho no azul do céu em toda amplidão,

percebo há tanto além, das coisas sim nada sei,

então saberei realmente do segredo no coração?

 

Se as palavras são como sementes, logo pensei,

quando um lavrador semeia com amor o chão,

nascem tantas flores, frutos, assim perceberei,

mais são aquelas plantadas por dentro então!

 

Por mais amplo seja o mundo, por mais extenso,

haverá um pensamento aqui dentro com certeza,

pensando mais profundo de tudo isto que penso! 

Não somente as palavras singelas vou guardando,

também aquelas que estão surgindo entre todas,

também dos intervalos entre elas intercalando!

 

Sertão

Sertão, tão sem ser! Não há como ser então?

Não! Quando o ser morre em privação,

não tem mais nada a ver....

O sertão seria a nudez do ser?

Não! Na nudez há amor, então há o ser!

No sertão há tanta dor de se ver o avesso

da nudez do ser.

Sertão, no seu aparecer não aparece o ser.


Existência

É um antes não sei quando, um até não sei até onde

que por cada evento a si mesmo se esconde!

Mundo, eterno mundo! Existir é seu resumo! Mundo, eterno mundo, não somente do verbo ser, pois este verbo é o ser no mundo! Porém, também, mundo do verbo esconder!
Verbo que joga tudo ao fundo! Mesmo um retrato estampado é um tempo escondido na retina! Mesmo uma lembrança cristalizada é uma época escondida atrás da cortina!
A tarde esconde a manhã, a manhã esconde a madrugada, a madrugada esconde a noite, a noite esconde a tarde que esconderá outra manhã que será envelhecida na tarde.
Mundo, eterno mundo, que sempre será o futuro do verbo ser conjugado como particípio passado do eterno verbo esconder.
É um antes não sei quando, um até quando não sei até onde que por cada evento a si mesmo se esconde

Encontro

Vim ver

te(ti)ver!

Viver

tudo a ver!





Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...