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sábado, 17 de setembro de 2022

Ver além

O olhar do poeta é o olhar que não se perde.

É um lance de captar o mais profundo que o ser comum não percebe.

O tocar do poeta é um tocar tão leve que não deixa marcas.

É como a vara de pescar que ao tocar o rio não lhe deixa marcas no dorso das águas.

São os passos do poeta que lhe constroem seus caminhos.

Caminhar é mais importante que chegar.

Procurar é mais importante que encontrar.

O ouvir do poeta vai além do escutar. É um instante que capta cada onda de som a perscrutar.

Se o poeta te viu ele jamais te esquece.

Quando teu sorriso para ele se abriu, este encanto em sua alma sempre

há de bailar.

O poeta não é um ser do passado ou do futuro. Ele é este ser todo inteiro, corpo, alma, espírito, sempre permanente neste aqui, neste agora, neste presente.

 

Poema de todos os sóis

Os sóis outonais tem seus frutos.  

São sóis pendurados em arbustos,  

tais como em vultos são debulhados sorrisos  

ou como em rostos são desvelados os sustos!  

Os sóis invernais nos dias de densa neblina,  

nem bem sei o que digo!  

Pois junto à neve na colina, seus  

raios transversais deslizando sobre os telhados,  

dá-nos um frio no umbigo!  

Os sóis do esperado verão para muitos amantes do mar  

ou dos passeios praianos,  

destes sóis terão às claras sonhos insanos!  

Deles nem é bom contar, ó meu Deus quanta ilusão!  

Sobre os sóis da primavera, agora o que eu digo?  

Sejam flores pelos caminhos, brilhando com todas as cores,  

bailando pelos cantinhos!  

Em uma covinha do rosto, um sol nascendo,  

na outro covinha do rosto, meus amores, outro sol posto! 

 

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Lembranças

Quando o povo percebia a lua cheia na ribanceira,

a Deus tirava o chapéu, Deus ó Deus no valha.

O café quentinho na chaleira,

num canto água na talha!

O fogão de barro branco e lá na sala a cristaleira!

Era doce o pensamento e bem limpinho o rio.

A luz na lamparina dançava fosca em um fio seu gingar

de bailarina.

Havia sempre passarinho bem no alto da jaqueira.

Andando pela roça inteira em cada pé tinha um ninho.

Um galo franco cantava sempre a mesma resenha,

anunciando a todos que o sol estava saindo.

Quando o vento passava, como era lindo seu assobio.

Quando a chuva caía era uma benção do céu.

Uma estradinha silente pelos campos ia sumindo.

Por ela passava a gente como esta saudade é um véu

escondendo um tempo antigo, onde havia sol poente.

 

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...