Caia em si meu poema! Nenhuma seta viaja sem a envergadura do arco.
Enquanto uma asa navega, a outra equilibra o voo. Enquanto um remo trafega, o outro se prepara para o jogo. No silêncio mais profundo da noite é que se declara o amor! Caia em si meu poema!
Quanto mais alto o monte, mais sombrio se torna o vale. Você me dá as palavras, os pontos, as vírgulas, o tema; enquanto eu passo de lado, mergulhado por baixo das linhas e bóio por sobre o suspense.
Você sabe qual a sua direção, enquanto eu passo de raspão, porque se assim não fosse, não haveria um suspiro daquele que lê um poema!
Escute este conselho meu poema e aceite o seu destino, a sua parte na criação; você entra com todo o esquema, com a necessidade do léxico, com a pontuação; enquanto eu entro com o meu coração que é do tamanho de um menino. Caia em si meu poema!
Coloque sua roupa mais bonita, vestindo-se com palavras de festa, que eu te convido a passear correndo atrás das estradas que sonhando alcançar o horizonte se esqueceram dos seus pontos de partida!
Somos sócios meu poema! Seu destino é estruturar desde o fim ao começo.
São os sinais impressos no papel. Meu destino é outro, é espetacular. Cuido de levar tudo ao avesso! Cuido de levar a alma do leitor da terra ao céu!
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