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domingo, 20 de janeiro de 2019

Algumas publicações


Pulo misterioso
José Do Amaral*
Quis no mundo aprender o pulo do gato,
chamei todos os felinos para me ensinar.

Mas sempre uma pedra em meu sapato,
por falta de tato estava sempre a atrapalhar.
Há quem tenha uma pedra pelo caminho,
outros têm alguma em sua gélida alma!
Tem anjos que rodam uma pedra de moinho
para dar ao mundo mais amor e santa calma!
Mas quem colocou com esmero aquela pedra
para me ensinar de dentro do meu sapato,
seria por acaso algum mestre em surdina?
Pois amigos, este é o outro lado da moeda!
Aquela pedra veio para me impedir de fato,
a ensinar ao gato o salto que não se ensina!

Mulher, Divina!
José Do Amaral*
Somente a mulher pode ser outras mil todos os dias, porque ela é dona do caleidoscópio das formas eternas. Quando gesticulam rodam girândolas em parques noturnos. Quando falam cantam canções que os sentimentos emolduram. Quando andam harmonizam a dança dos astros no espaço sideral. Quando colocam uma toalha sobre uma mesa convidam os deuses a se sentar. Quando intuem uma cortina para uma janela, esta janela se abre para o céu. Quando segura nossas mãos nos conduz para Shangrilah. Nenhum outro ser tem este dom divino. Aliás, o segundo dom maravilhoso da mulher. Certamente o primeiro de ser mãe da humanidade. O segundo de ser mãe de si mesma. Portanto, com um simples toque, uma mudança no cabelo, um brinco chamativo, um adesivo na blusa, um batom de outro tom (que rima!); um chapéu com um laço gera outra mulher, outro ser feminino, não aquele de ontem, nem aquele de antes de ontem e muito menos aquele de amanhã, que será uma surpresa de deixar-lhe boquiaberto! Amanhã ninguém saberá como ela renascerá. O amanhã da mulher abre o sol de seu guarda roupa. Todos os outros elementos da natureza são possíveis de serem prognosticados. Podemos saber com certeza quase absoluta que algumas pequenas flores de uma árvore se transformarão em frutos. Alguns frutos serão alimentos de certos pássaros, outros cairão no chão e poderão futuramente ser outras árvores e repetir o ciclo da natureza. Mas a mulher é imprevisível no aspecto de sua mudança. Ela com certeza poderá ser outra daqui a pouco. Ninguém poderá tirar delas esta graça. Poderemos até mesmo dizer esta benção divina. Um simples toque no cabelo: olhem como ela ficou diferente! Dirão mil vozes em uníssono. As unhas que receberam outro esmalte, já não são as mesmas unhas de segundos atrás. Deram-lhe a graciosidade de uma princesa em uma noite de gala em plena luz do dia! Um colar, não me refiro ao de pérolas, mas dos mais simples possíveis, dependendo do gosto de cada mulher, já muda por completo o seu visual, já lhe abre um arco Iris. Uma pulseira, que seja vinda da feira hippie de Belo Horizonte ou da lojinha da esquina, mas deu um "quê", uma mudança total, uma fofura de ursinha panda em seu visual. Às vezes um anel e sendo que há várias formas de anéis, haverá várias mulheres em uma única mulher, com meia dúzia de anéis. Infelizes aqueles que calculam o número de mulheres que existe para o número de homens. As mulheres não são cifras matemáticas, pois são estrelas galácticas em uma única mulher. São cegos. São calculistas fracassados. Estatísticos de fraldas. São instrumentalistas, imediatistas. Pobres fariseus. Prefiro chamá-los de fracos darwinistas e frágeis spenceristas. Não conhecem o mundo imaginativo das mulheres. Não sabem que elas são em números milhares de vezes maiores que os dos homens. Não percebem que elas são muitas mulheres numa só mulher! Vocês mulheres me deixam ao mesmo tempo bobo e iluminado. Nada melhor que ser o bobo iluminado da corte múltipla do reino encantado de suas belezas, ó mulheres!

Poema matusalênico
José Do Amaral*
Tudo passa! Menos o poeta e o cão!
Pois tudo se enlaça quando o poeta abraça o cão!

Dizem que o cão passa, quando passa na contra mão
ou quando atravessa a estrada pensando que é uma praça
e por atravessar assim na sua ingenuidade, o cão não passa!
Fica no coração do dono como uma moldura na recordação!
O poeta pode um dia até se esvair! Chegar ao ponto de não
deixar sombra alguma! Ah! Incautos! O ir e vir do poeta está nos
seus versos que vão sempre existir! Seus versos são como sementes
de areia que pululam com o vento sobre as dunas do tempo!
O poeta vai além ao ir além dos sentimentos! O poeta não passa
porque é profeta! Não! Não passa o poeta, nem passa o cão!
Não passará Matusalém, nem passará seu cão também!
*José Do Amaral é Membro Correspondente da ACL

Poema de Narciso
Poxa, aquele reflexo no lago
não parecia ser meu!
Teria morrido afogado com
aquela cara de breu?
Mas o reflexo no lago teria
que ser eu! Mas gente,
como eu estava pálido,
abatido, estático e vago!
Meu Deus, como eu estava
triste, mudo e magro!
Mas o reflexo no lago era
realmente eu no meu
outro lado! Era o reflexo
do meu lago interno!
Eu penso com meu umbigo,
antes estas lágrimas esculpindo
meu sofrimento, do que
morrer abraçado com Cupido!
Não havia lago algum.
Era meu olhar para dentro
vasculhando meu álbum!
Minha gente
José Do Amaral*
A terra dos poetas, trovadores, seresteiros e menestréis também tem seu lugar para o riso no seu imenso palco, no seu imenso circo...Vocês são meus companheiros de picadeiro...de magia...de trampolim...de cambalhotas...de tirar a dançarina perfeita de dentro da caixa do mágico...de tanger um violão na praça...ou de ouvir a difusora do seu Jair com todas as músicas a tocar...de aplaudir João Pimentel cantando de peito aberto...de louvar os Sá Viana com suas baladas imortais...somos todos artistas sob a lona solar ou a lona estelar do grande circo calçadense...sabemos chorar e sabemos rir...aprender a enterrar nossos mortos com dignidade e receber nossos recém nascidos com festas...Não esquecemos nosso gueto por maior seja a distância...nossa terra é uma moldura em volta de nossa alma! Nosso circo é nossa vida, pois sabemos soprar chamas sem botar fogo no mundo!

ABRACE SEU DESTINO
José Do Amaral*
Um diz que a noite cai enquanto o dia surge, outro diz que o dia cai sobre a noite e há quem diga que nenhum cai e nem outro se levanta e que apenas um é avesso do outro. Justamente, creio terem uma razão, pois é fato que cada qual vê o mundo de sua janela. Porém, é necessário percebermos que uma crença está instalada no umbral de nossa janela, sendo possível que nossa visão não abrace toda a realidade.
Desta forma, o Grande Sábio Al Ammar n
os contou certa feita uma parábola muito interessante. Umas crianças brincavam aos arredores de seu povoado e encontraram um ninho de águia. Levaram um filhote para casa e este foi criado em meio a galinhas no terreiro. Assim, ele cresceu gracioso e belo como crescem as galinhas, ou melhor, em seu caso, os frangos.
Certa vez, ele julgando-se galo formado, viu passar com toda a pompa de suas grandes asas voando no céu, uma enorme águia e perguntou ao galo mais velho, quem era aquele pássaro. Este lhe respondeu ser uma águia e que somente uma águia poderia voar daquela forma com tanta suntuosidade, e eles ali no terreiro deveriam inclusive ter muito cuidado com as águias que são aves de rapina e se esconder como pudessem, uma vez que possuem vôos de poucos metros. Tremendo de medo, aquela águia pensando-se frango formado, também escondeu-se em um entulho. Porém, um dia, aquelas mesmas crianças tomaram-lhe em seus braços e subiram ao cume da montanha, com ele tremendo de medo e quando chegaram ao seu píncaro, lançaram-lhe ao abismo que recebeu suas imensas asas, dando-lhe de presente o sabor do poderoso vôo e os mistérios do infinito, que somente uma águia recebe de herança.
Assim, são muitas pessoas que engolem crenças e assumem atitudes pequeninas do tamanho de suas crenças. Se não houver um inesperado que lhes atire à correnteza, viverão escondidos sobre entulhos.

Por onde anda o seu coração?
José Do Amaral*
No céu brilhou uma linda estrela.
Só uma criança pode percebê-la!

Os homens comuns entorpecidos
até aos umbrais com seus questionamentos
e críticas aos demais não puderam vê-la.
Na vidraça pousou um lindo inseto.
Quem o admirou? Uma criança que brincava
ali perto! Embora houvesse muitos adultos
passando com suas correrias, não iam além
de seus vultos e de suas mesquinharias!
O mais belo pode estar aparentemente mudo.
O mais maravilhoso pode estar aparentemente escondido.
Do mistério mais profundo só percebe seu esplendor,
aquele que se desprende de todo ruído e se desapega. Aquele que sabe
ser humilde e bondoso por trás do seu umbigo.
Aquele que percebe do pouco e diminuto a maravilha de tudo.

Cada coisa tem seu tempo
e cada tempo a sua hora.

Não se deve coisificar o tempo,
nem se deve temporizar a hora.
Tem tempo que tem seu ponto
e tem coisa que tem seu contra.
Há uma hora de contra tempo
e uma coisa que a tudo devora.
Há tempo que é um lapso
e passa tão rapidamente 
que não se lhe conta os passos.
Tem coisa tal qual um laço
que nos pega tão de repente
e nos ata os pés e os braços.

Uns e Outros
José Do Amaral*
Um pingo d’água em uma folhagem,
para uns pode ser uma tromba d’água,

para outros o coração da paisagem.
Um cometa cruzando o céu,
para uns pode ser uma premonição, 
enquanto outros lhe tiram o chapéu.
Um velho sentado em uma praça fria,
para uns pode ser um incômodo,
para outros um momento sagrado de sabedoria.
Depois de um pequeno tropeção,
de uns pode vir um horrível xingamento,
de outros pode surgir uma nova condição.
Para mim, o universo é um belo jardim
cheio de flores e jasmim entre o micro e o macro!
para outros é um fardo e viver é um saco!




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