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domingo, 20 de janeiro de 2019

Ao Mestre Geir Campos, com carinho

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Antes de lhes descrever sobre a enigmática, incrível e fabulosa técnica da arte literária a mim ensinada por Geir Campos (Geir Nuffer Campos, professor, poeta, escritor, teatrólogo, tradutor, editor, jornalista, radialista, ativista cultural), um dos grandes talentos intelectuais da Geração/45, meu conterrâneo, gostaria de afirmar ter sido seu aluno, discípulo, oportunidade de ouro, durante suas visitas à nossa terra natal, como convidado do Sr Heber Fonseca, nosso vizinho ao lado em frente à praça de Calçado; amizade consolidada em anos, inclusive em Niterói. Para ser aluno de alguém não é necessário estar nas salas escolares comuns e tradicionais, basta lembramo-nos na Antiga Grécia a relação entre mestre e discípulo era no nível dialógico direto do dia a dia; sendo esta a grande possibilidade de em nossa vida ter sido iluminado por um Sábio.  Após vários contatos com este Grande Mestre, um dia perguntei-lhe, “qual o segredo para escrever bem?” Vi o rosto de Geir Campos incendiar-se de sua milenar cultura judaica com todo o seu conteúdo transcendental, “para escrever bem é preciso não escrever!” Mas, explique-me “não escrever”, se a minha intenção era aprender a escrever com quem o fazia magistralmente? “Não escrever aquilo de sua intenção!” Mas como? “Deixar-se escrever!” “Fazer como os leitos dos rios fazem para deixá-los fluir! Portar-se como a natureza permite chegar-lhe a primavera!” No entanto, defina-me este “deixar-se?” “Estar à disposição!”  Mas à disposição de quem? “Da inspiração! Esta sim é o dom! Nascemos com ela, como à roseira é dado o dom de rosar, ao pássaro o dom de cantar!” E como isto é possível? “Quando você sentir a chegada da poesia ou do conto, quando percebê-los batendo à sua porta, abra-a, deixe-os entrar! Não fale nada, pois eles são os visitantes auristos, são eles os anunciantes de algo! Você é apenas o redator! Escute-os com atenção. Deixe de lado o egoísmo, a vaidade de bater no peito, ter sido você quem escreveu isto! Não, você é apenas o redator! Escrever é não escrever por si mesmo, por vontade própria, para se vangloriar da obra literária! Se há uma honra a ser dada, seja dada àquele mensageiro a lhe trazer o poema e o conto e cabe a você simplesmente enunciá-lo!”
Assim, fui aluno, discípulo de Geir Campos e cuidei-me de guardar a sua técnica literária, ou anti-técnica literária, antítese proclamada antes da apresentação dialética da própria tese, caminho da humildade e da simplicidade, “deixar-se escrever”!

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