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domingo, 20 de janeiro de 2019

Con(sideração)

Con(sideração)

(Con)Sideração - José Do Amaral
Você mulher, hoje lida pelo seu contorno, 
não como uma folha solta ao vento,
nem como uma curva desenhada na montanha,
nem como um vai e vem das pás de um cata vento.
Este tempo passou nas bordas dos relógios.
Esta época voou junto com as nuvens retrógradas.
Friamente lida no redemoinho do contorno do seu corpo.
Observada pela volúpia dos pensamentos revendo-a
no concreto, no racional, no frio contemplar do objeto!
Você é lida! Velhos tempos em que os românticos
declamavam como Caetano de que você é linda!
Você é lida! Não há mais poetas comovidos com a beleza
não necessária de preenchimentos, mas olhos observadores
e vorazes pelos seus adesivos simplesmente e deste jeito
mais envolvidos pelas formas que pelo efeito da singeleza.
Ó passado remoto onde se cantava que você é linda!
Você é linda por si mesma e ninguém a percebe,
porque se perdeu o dom de perceber a natureza!
Se algo mais havia não ia além de um talco no rosto
ou uma tinta pelas unhas e pelos lábios algum tom.
Esgotou-se o tempo em que a mulher era linda
na sua mais rudimentar naturalidade, no seu vestido mais singular.
Hoje, você mulher é lida friamente por olhares desejosos
e presos ao prazer momentâneo e pobre de reticências,
que são aqueles suspenses que ficam depois do amor,
que são aqueles suspiros que ficam pendurados no ar

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