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domingo, 20 de janeiro de 2019

Poema mensagem

Mortos...Onde estão os mortos? Penso que todos eles estão aqui mesmo.
Não há mortos. Tudo é a mesma coisa. Tudo são roupagens da mesma ilusão. De onde vem todas as ensinanças que recebo no meu silêncio interior? Por detrás das cortinas dos tempos recebo as grandes ensinanças dos grandes sábios que continuam vivos no pão sagrado de sua sabedoria.
Pela mesma porta que se vai às ruas, também se entra nas casas. E quando fechar a porta de sua casa não olhe pelo buraco da fechadura com o produto de sua própria cultura. O mundo tem muitos povos, muitas culturas e muitas diversidades. Mas nem por isto deixe de cuidar de sua casa ou de respeitar aqueles que moram nas casas do outro lado da rua.
Quem pensa no que passou, perde a energia de todo o universo que aparece agora. Divagar no pensamento é perder a imanência e a permanência.
Quem pensa no que virá joga pelas janelas dos sonhos toda a festa dos
acontecimentos que renascem a cada instante.
Assim como toda porta é um vai e vem, toda janela é um leva e traz.
Quem ergue um santo, edifica um não santo. Quem aponta a beleza edifica a fealdade. Quem acusa a maldade destrói a bondade. Quem pisa com arrogância na ponta de uma gangorra joga pelo espaço quem está na outra ponta. Não é somente com o pensamento racional, indutivo e dedutivo que entenderá este saber. Terá que treinar a intuição, a clarividência, a clariaudiência, o sexto sentido e o esplendor do inconsciente para ver com mais profundidade.
Quem como uma pedra se fixa em seus argumentos perde a flexibilidade dos polens na leveza do vento.
Quem acredita em um ponto final da existência fica preso na armadilha
interminável do princípio, do meio e do fim e se definha neste redemoinho.
Não esteja preso aos pensamentos sombrios do mundo. Também não
seja porta voz de luz alguma, seu caminho é a serenidade e mergulhe
na suavidade sem dignificar nenhum pólo de opostos. Não é só na luz que está a grande verdade. Ela está na luz e na escuridão, ou seja, no jogo dual de ambas. É preciso ser flexível para entender esta sabedoria. Mas quem a entende ganha a totalidade e não se vangloria com este troféu.
Se estiver em uma sala não esteja somente diante de paredes e sim valorize o espaço vazio entre elas, pois se não fosse este espaço não se moveria. Por mais que pintar as paredes de sua sala, se não souber mover com suavidade pelo vazio dela, não será feliz.
Valorize e volte seus olhos para o vazio. O vazio de uma sala, o vazio da estrada, o vazio da rua, o vazio entre as letras de um livro, o vazio entre cada imagem sucessiva que ocorre em seu pensamento. 
Por isto é preciso se resguardar dos elogios. Assim como das críticas destrutivas. Quem ama os elogios fica do tamanho deles. Se eles vem de um néscio fica conforme de onde veio. Se vierem de um nobre, este nobre pode ter pisado na bola. A crítica também não a leve consigo. Se for ornada de flores devolva-as de presente a quem estiver triste. Se for jogada com pedaços de pedras construa com elas a sua fortaleza.
Se estiver diante de pessoas não se interesse se são belas ou feias, gordas ou magras, novas ou velhas, ricas ou pobres, casadas ou solteiras ou de que forma sejam, esteja diante da alma que não tem tempo nem idade e que está no vazio dentro delas. A riqueza da alma está no seu vazio interior e não nas máscaras ou fantasias externas. Não se deixe levar pela pobreza dos adesivos que se colocam sobre os outros. 
Não distribua gargalhadas nem se entristeça ao extremo. Não nasça e nem morra. Somente permaneça na essência do todo. Seja eterno com o todo.
Quanto mais se forra de medalhas menos suavidade se encontra. Um rio com muitas pedras em seu curso agita por demais as suas águas.
Quanto mais títulos se adquire menos de si se encontra. Não esconda a pérola de sua alma com os aterros que o mundo a sobrepõe.
Quem muito espera nada recebe e quem muito procura nada percebe.
Esperar e procurar é desperdiçar a colheita de cada momento. É deixar escorrer entre os dedos das mãos a riqueza da vida.
Se possuir duas casas não terá todas as casas da rua. Se tiver toda a rua não terá todo o bairro. Se tiver todo o bairro não terá toda a cidade e assim sucessivamente não terá o mundo.
Esteja contente com o que tem. O pouco que tem quando se é sereno, será muito mais do que aquele que muito tem e não se contenta querendo ter cada vez mais e mais.
Enquanto que o primeiro poderá sentir o vento e amar a vida, o segundo
só terá ansiedade.
Mortos...Mortos são aqueles que vivem na dualidade, na separatividade, na discriminação, na chave do seu e do meu, na alternância entre cada vez ter mais.
Quando o pensamento não está perdido no passado nem projetado no futuro, o ser ganha a eternidade que reside no esplendor do aqui e do agora.
Por acaso o homem não percebe que a vida e a morte estão em cada momento atual que está vivendo, pois há uma permanência aqui agora disfarçada em uma matrix de um segundo morrendo, um segundo chegando e outro batendo à porta em seguida e entrando e assim vai girando a roda do tempo.
Cuidado com o que deseja. O desejo é como uma âncora que leva o ser ao fundo do lodo e se encrava ali. Se deseja o reino do céu pode estar escondido neste desejo uma ambição vaidosa. Tenha o reino do céu dentro de si mesmo e não diga isto a ninguém. Apenas receba a todos por igual.
Cuidado com a vaidade espiritual. Poderá estar construindo um deus vingativo com qualidades humanas acopladas sobre ele. Poderá estar construindo um deus que baterá em seu lugar na face dos seus inimigos e ainda proclamar com toda a arrogância “deus baterá nele por mim!” ou “deus dará isto a mim!”, ou “estou salvo!”, “quem estiver comigo estará com deus!”. Não entre nesta arapuca que só aprisiona e adoece o espírito.
A alma que encontrou a suavidade e a serenidade nada quer para si, nada deseja para si. Não odeia, não amaldiçoa, não reclama, não vinga, não critica, não se julga superiora, não se proclama maior do que os outros. A alma que encontrou esta ensinança vive suave e serena como a água que se acomoda em qualquer receptáculo ou superfície.
Tenha bastante cuidado, pois os seus inimigos podem estar dentro de você mesmo.
Tenha mais cuidado ainda, pois o grande inimigo pode ser o seu próprio ego destruindo o seu espírito.
Estar morto é estar com os olhos abertos sem estar com os olhos vivos. A grande experiência é viver o externo e o interno na mesma dimensão.
Não busque a paz. Seja a paz. Feche os olhos e descubra por si mesma e dentro de si mesma a resposta de cada pergunta insondável.
Não caia no devaneio das respostas que os outros afirmam ter encontrado. O mundo vive imerso na fragilidade das ficções externas, em paraísos longínquos que não existem e que são frutos de imaginações somente.
Tudo está dentro do ser mesmo. Viva o fora e o dentro, o aqui e o agora. Não seja um menino nas mãos do destino. Tome em suas mãos as rédeas de sua própria carruagem.

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