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sábado, 24 de agosto de 2019

O machudo do periquito encantado

O cabra era macho mesmo e bota macho nisto! Macho de frente, macho de lado e macho por trás! Delegado eterno do povoado e botava medo até em crocodilo com fome. O homem era grosso e muitas vezes mal educado, de pouca conversa e muita arma na cintura, mas a arma que ele mais se gabava mesmo era “aquilo”, vcs sabem muito bem o que significa “aquilo”, principalmente para quem só pensa “naquilo”. Também muito vaidoso, gostava de andar arrumado, conta-se que certo dia sentou-se na cadeira do barbeiro e diante da pergunta, “o que o senhor quer que eu faça?”, ele respondeu secamente “corte bem na frente e pica bacana atrás!”. Homem decidido aquele com seu andar pesado e seus bruscos movimentos de braços, tipo peão decidido a arrancar mandioca braba do fundo da terra com enxadão. Pois bem, seu maior orgulho era o seu “pingulim”, ou melhor, para quem gosta de um termo caprichado, o seu “pingulão”, do qual se dizia o maior touro reprodutor da região, orgulho besta este, mas o que devemos fazer se cabe a cada um a sua liberdade de viver. Portanto, homem endinheirado, enturcado no money, foi a um ourives de uma cidadezinha mais próspera de sua vila e mandou fazer uma pequena estátua forrada de ouro, baseada no aspecto do seu “negócio fálico”, vocês imaginam o que seja. Observando a característica da tal criatura pendurada como carta de enforcado no tarô, o artesão, (palavra esquisita esta), não perdeu tempo e por uma boa quantia de dinheiro em duas semanas findou sua empreitada, a qual o poderoso sherifão foi todo satisfeito buscar com uma jumenta esperta puxando aquilo tudo numa charrete, com uma cara de medo e preocupação. Colocou o bitelo bem no canto da sala, todo vaidoso e sorridente que mais parecia um burro novo comendo espiga viçosa. Acariciava o danado e o beijava centenas de vezes, forrando de prazer desta forma a segunda roupagem de sua dupla personalidade. Vinha gente de todo canto ver aquela criatura em feitio de estátua e inclusive duas solteironas que desmaiaram na sala e agradeceram a tudo que é de bom pelo seu anonimato casamentário. Mas ladrão, minha gente, é o que não falta! Na calada da noite, enquanto o durango esquife dormia, abriram a porta da sala e carregaram seu troféu fálico para a fúria desenfreado do sherifaço. Mandou colocar vigias em todas as estradas, inclusive nas cabeceiras da ponte que separava os dois povoados. Desta forma, os ladrões ficaram sem condições de carregar para fora dali aquela caríssima peça hedionda. Pensaram, pensaram, e como vocês sabem, ladrões sempre tem intuições inéditas, quando tiveram uma grande idéia. Colocaram aquele negócio que vocês já conhecem profundamente bem no fundo da consciência de vocês como era, dentro de um caixão e fingiram que estavam conduzindo um enterro. Da mesma forma que o vento costuma soprar contra o feiticeiro, nem sempre as coisas podem se dar muito bem, mas vamos ver o fechamento deste caso. Como estava havendo muito transporte ilegal de café de um estado para o outro, o delegado sherifálico recebera um telegrama para conferir a nota fiscal de todas as mercadorias que atravessassem a ponte. Assim, foi feito o procedimento e quando o caixão se aproximou da cabeceira da ponte, o machudo pintático solicitou a nota fiscal do caixão, sendo que eles não a possuíam, pois também era um caixão de segunda mão, ou melhor, roubado do primeiro morto, o delegado informou que o caixão ficaria preso na delegacia junto com o morto, até que eles apresentassem a nota fiscal, pensando assim, “vão correr atrás, porque é um caso sério de enterro”. Só que os ladrões caíram fora, chegou a noite, o outro dia, a tarde e o sherifálico desconfiou daquilo e mandou abrir o caixão, quando se deparou com o seu troféu deitado com cara de morto! O homem não agüentou e desabou “o que é do homem o bicho não come!” e coloquem imediatamente o meu “troféu em pé”! E aos gritos saiu pelo povoado “venham ver em pé no pedestal o meu piriquito encantado!”

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