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sábado, 19 de outubro de 2019

Vc 73


No início uma gélida solidão com um arsenal lacrimoso estendia suas alças zodiacais desde o humo do chão até ao último astro luminoso, comprimindo minha existência.
O espaço era um zíper de aço inoxidável que não permitia nenhuma abertura e nenhum abrigo, nem a proeza de um minúsculo clipe, por onde pudesse passar ou morar a pelúcia da mais oculta esperança, pois a tristeza traçara um visco entre o azedume da terra e o inóspito mar.
Quando se lançava a âncora no meu porto, sua ponta chegava ao foco do lodo e não havia como regressar, enquanto a embarcação se destilava com ferrugem e coque, após o embarcadiço se destroçar.
Em tudo havia solidão, solidão por toda parte. Em tudo havia sentença sem a presença da contraparte. Mas ela chegou sorrindo, sorrindo com amor e arte, andando como uma ninfa pelo lado esquerdo da prateleira da livraria.
Sorriso como um balanço movimentando por todos os lados. Sorriso como um gancho pra convidar a alegria e bendizer o sol, romancear a noite, incendiar o dia, entregar o coração Insulano, palpitando agora recém ilhado.
Por decreto do destino como única opção, onde só havia na ilha do meu isolamento uma torre com uma donzela presa, fiando por eternidades com sons ocarinos de suas agulhas fiadeiras, até que aqueles sorrisos cristalinos me chegaram de surpresa, no meio de tantos livros e tantas estórias, vi-me diante da lenda mais romântica de minha vida.
Conforme predisse cantando a pitonisa sobre a maldição de uma megera, assim se cumpriu nosso destino! Então, adeus tardes carpideiras, pois somente o amor é capaz de ter o encanto do desencanto de desencantar as feiticeiras!
Reconstruirei meu castelo medieval neste mundo pós moderno sobre o som de minhas poesias, enquanto elas vibrarem pelos bosques de seus arredores, elas ganharão sinfonias e alcançarão o mundo.
Eu sei que o mundo é grande, mas encontrei de novo minha donzela e do alto destes versos o mundo ficará tão pequenino que eu o embalarei em meus poemas e o lançarei para outros mundos, como os barquinhos das enxurradas lançados por um menino!

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