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domingo, 20 de outubro de 2019

Vc 80


Através do meu astrolábio miro seu olhar.  
Como um dançarino cigano ele volteia, dança, ondula em uma onda do mar.
Como um colibri instantâneo ele se torna inquieto, mas de uma inquietude serena, tão suave ao ponto de trazer o mais longe para mais perto.
Como um sábio concentrado ele se torna unívoco olhar. Doçura que encanta. Brandura que acalenta. Um passo a mais seria mais que um olhar. Mas não seria interessante, pois
assim tão fixo em mim, ele se torna um gigante.
Surge expectante como um luar. Olhar que desperta o que há por trás das aparências.
Olhar que recupera as mais distantes reminiscências.
Passeia além do rosto até penetrar no infinito da minha observação.
Leva e trás com ele o sonido de uma canção. Olhar de despertar todo o bem que se há de sentir.
Olhar que recupera o que foi perdido.
Olhar de chegar sem partir.
Olhar cujo brilho me acompanha em cada lugar.
Olhar que recupera nossa memória.
Olhar que não será esquecido porque não é olhar perdido.


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