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quarta-feira, 22 de julho de 2020

Poema do ausente

Morador, onde ninguém mora, 
onde somente a gente passa.
Mora a dor no coração da praça. 
A dor do anonimato, a dor do invisível
onde é possível acordar abraçado 
com a dor de fato.

domingo, 19 de julho de 2020

Jardim da criação

No pomar de minha mente
há uma árvore das palavras,
os frutos vem da semente
do som original ondulado.
Em cada galho nos ninhos,
um presente pendurado
no cabide do pensamento.
Rodopiam suas folhas,
assovia dourado o vento!
Minha árvore poesia onde
me descanso deslumbrado
no dia a dia de cada dia.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Aprendizagem


Badalaram como relógios noturnos de seus sonhos abruptos.
Assim foram minhas horas sonâmbulas que me ensinaram
surpresas e surtos.
Quando o tempo se fecha se abrem os guarda-chuvas.
O que nos leva a descontento também nos inspira a assoviar
nos ouvidos do vento.
Que lições colhemos com nossos ímpetos robustos?
Que pedras preciosas semeamos como um cacho de uvas a cada momento
sejam eles de graças ruidosas, sejam compostos de sustos?

sábado, 11 de julho de 2020

Intraextra

Quanta candura na cena! 
Goiaba madura caída no chão, 
mostra que é possível 
a vida em condição extrema!
Pelo esforço das larvas,
pelo que surge então,
caem-me todas as travas,
a vida é a única coisa
que vale a pena!

Travessia

Passou esta manhã 
e amanhã cedo chegará outra manhã. 
Quando não poderei dizer ontem de manhã 
ou onde estarei depois de amanhã? 
Qual gênio controla este rolimã?

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Vc 117


Não, não é preciso estar boquiaberto diante de Monalisa,
basta seu olhar por perto mergulhante de suntuosa sereia,
submergir nesta tarde e torná-la magistral por tão precisa,
suscitando minha paixão com aquele sopro me incendeia.

Peregrino que perambulasse pelo mundo todos os lados,
numa volúpia desmedida contornando fundo seus cantos,
não encontraria o deslumbre alvorecer dos fios cacheados,
no meu profundo entardecer enraizando-me em heliantos.

Seu sorriso entreaberto é uma enseada dourada de cristal,
onde me deito e doravante não me levantarei deste sono,
atravessando o infinito indo ao avesso do meu voo sideral.
A blusa escura rimando com seus cabelos, linda orquestra
sobre este corpo sonhado, um desejo onde ainda procuro
o que ficou de mim ou o que se foi de você por uma fresta.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Poema coronestático


Pessoas embaladas em sacos! Que tragédia! Que fardo!
Vão sem nomes, pois aos montes e aos cacos,
no embalo do poliprolileno, vão para um crematório,
os familiares depois, os mesmos que os levaram
para os hospitais, ainda contando os casos que os encantaram...
ei-los em cinzas se findam bem tampados hermeticamente
em um frasco pequeno, sobre um pires raso, por fora um pouco quente!
Imenso é este momento árduo! Como o tempo às vezes é irrisório!
Ou vão para os campos santos. De que se importam os santos agora?
São enterros mais frios, sendo os mortos fechados em ataúdes lacrados,
para a mudez e frieza dos hortos! Como se deve chorar nesta hora,
se as lágrimas não lavam os espantos e estes espancam as horas?


Vc 116


Seria possível findar isto, sensação que não se finda,
é tangível acabar sem razão, tudo de uma única vez,
se não tem nada visto que tira a presença tão linda,
da maciez dos passos na brisa, condição em sua tez?

Seria fácil lançar longe ao tempo a taça que brinda,
não somente pela sua sensual figura, mas à nudez
táctil desta inesperada ida, bem travestida de vinda,
sou preciso, pontual, além, avalio tudo na sensatez!

Ouço o mesmo refrão, “caem as folhas dos arvoredos,
com elas vão também todas as esperanças do outono!”
Ora, quem assim diz não conheço nada dos segredos!
Neste mundo jamais haverá para sempre a despedida,
pois sempre, por si mesmo, nesta forma de assim dizer,
significa “o que é permanente, forra por dentro a vida”

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Poema drummoníaco


Havia um vírus cotidiano como um pão nosso dolorido, degustado, mal dormido com lágrimas e sofrimento. 
De tudo que este vírus levou não conseguiu levar meu esquecimento.
Por cada cantinho havia um vírus, havia um vírus por cada cantinho de cada cantinho havia um vírus no meu caminho. 
Sempre me lembrarei desta solidão sem nenhum sol por dentro no meu coração neste meu diário confinamento.

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...