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quarta-feira, 8 de julho de 2020

Poema coronestático


Pessoas embaladas em sacos! Que tragédia! Que fardo!
Vão sem nomes, pois aos montes e aos cacos,
no embalo do poliprolileno, vão para um crematório,
os familiares depois, os mesmos que os levaram
para os hospitais, ainda contando os casos que os encantaram...
ei-los em cinzas se findam bem tampados hermeticamente
em um frasco pequeno, sobre um pires raso, por fora um pouco quente!
Imenso é este momento árduo! Como o tempo às vezes é irrisório!
Ou vão para os campos santos. De que se importam os santos agora?
São enterros mais frios, sendo os mortos fechados em ataúdes lacrados,
para a mudez e frieza dos hortos! Como se deve chorar nesta hora,
se as lágrimas não lavam os espantos e estes espancam as horas?


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