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sábado, 21 de novembro de 2020

Momentos

Venha ver de minha janela,

não os astros infinitos, mas

as simples nuvens tão singelas

que não deixam rastros,

a não ser apenas rabiscos

que se apagam como desaparecem

os barcos mais ousados

com os píncaros de seus mastros,

enquanto os sóis os aquecem

e diluem o movimento das águas

os deslizamentos de seus riscos,

os seus intrépidos passos!

Venha ver de minha janela

apenas o passar ligeiro de cada nuvem

no céu e poderá dizer que viveu

um dia inteiro pensando que

admirar é mais ou menos assim,

aparecer e desaparecer sem

deixar marcas. Ser tão inteiramente

observador que mesmo sendo,

com toda sua energia posta

no que esteja vendo, parece

momentaneamente que está

a observar ao léu.

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