pesquisar este blog www.francomacom.blogspot.com

sábado, 30 de janeiro de 2021

Diante do retrato

Amparando o lado esquerdo do seu rosto,

sua mão o contornando como uma nave,

os olhos me mirando como um sol posto

abrem minha alma girando uma chave!


Os cabelos em um tom de bom gosto,

ondulam pelos ombros como uma ave,

ao vê-la assim me sinto bem disposto

para viver cada momento mais suave!


Pois, o que poderá haver de mais lindo,

neste teu ser tão seguro e tão sublime,

que não encontro a rima que o rime!


Olha que sinto estes versos vem caindo,

tal um soneto livre, solto, desobediente,

o que me importa é vê-la e estar contente!

Poema para minha musa

Você se importa se me tem trazido

tanta inspiração?

Vc não se incomoda se às vezes

parecer distônico?

Ora, escrever é andar em zigue

zague e perder a direção.

Quando o poeta encontra

uma musa, ele desconcentra

sua atenção!

E afinal de contas todo poeta

é fonte de amor platônico.

Assim, não visa o material,

não se prende ao chão,

pois ele vem das estrelas.

Do suprassumo espiritual!

Todo poeta é um anjo

que perdeu as asas

em seu pouso.

Porém, encontrou nas

palavras para sua musa

uma forma de voar de novo.

 

Amor sincrônico

O cão e sua dona há que prestar atenção,

quem realmente é a dona do cão!

De longe a gente sente que é seu coração!

Há que perguntar então: se a dona leva o cão,

tão singela e carinhosa, quem a conserva

no seu coração?

Contente, é quem a observa

com ternura e muita emoção!

Presente, é quem se reserva

a senti-la tão serena e tão bela,

como a brisa acaricia a rosa!

Namoro

Vc viu o que eu vi.

Eu te chamei e vc viu.

Veio na ponta dos pés

para não fazer alardes!

Veio breve até aqui!

E olhando de viés,

vindo leve aos passinhos,

no fundo o céu anil;

entre as folhas verdes,

além dos galhos, através,

um casal de passarinhos

 em um show de amor febril.

Poema do encanto

Em algum momento aqui senhora,

nós jogamos conversa fora?

Neste momento, pelo menos temos

um alento: tudo o que vimos lá fora,

vimos muito mais por dentro!

Quando a gente for embora, sabemos

que não jogamos palavras ao vento!

sábado, 9 de janeiro de 2021

Vc 130

Éramos leves como polens, eu estava bem,

cantava enquanto caminhava pelas ruas

e assim cada dia no meu ir e vir, vai e vem,

levava em minha mente as saudades suas!

 

Corria solto tal qual um menino, a cem,

pisava as pedras dos caminhos em luas,

ia tão longe, no sideral, conheci o além,

onde chegava, levava as saudades suas!

 

Agora o que faço, meu ser assim vazio!

Um pintor veio com uma tinta tão cinza

e pintou o espelho límpido do meu rio. 

Prefiro nem sair, não vou a nenhum lugar.

Sou como um ébrio, oceano de tristeza,

na solidão, fico na quietude a te sonhar...

Vc 129

Será que escreveria ao léu estes sonetos

como alguém que rabisca umas asneiras?

Onde se já viu alguém caçar tais gravetos,

não tendo por dentro chamas de fogueiras!

 

Você deveria reconsiderar os meus apelos,

pois eles não são pedidos sem eiras e beiras.

Escrevi para você os versos feitos com zelos,

colhi do meu pomar declarações verdadeiras!

 

O mundo vai estendendo os seus segundos.

Por trás de uma montanha existe um tecelão,

em silêncio ele costura coração com coração! 

Um certo dia fomos presos pelo fio do seu tear.

Era tão silencioso que nem prestamos atenção,

que nossos passos se uniam na mesma direção!

Vc 128

Então, porque vamos nos abandonar

pela bobeira desta ingênua fotografia?

Quem mais do que nós sabe ancorar

com tanta maestria, leveza e sinfonia?

 

Então, basta pedir agora que vou tirar

na correnteza desta hora com alegria,

este lindo tesouro sempre a te esperar

contando estrelas à noite e sóis ao dia!

 

Em vão, vivem aqueles a se amargurar

pela criancice deste acaso, tolice, falha,

esquecendo-se do prazer de mergulhar 

neste infinito mais distante do horizonte,

que não tem nada no mundo que caiba

o sentir que nos lança além desta ponte!

Vc 127

Há certo poema que não se apaga,

pois muito forte é cada letra escrita.

Nenhum dos seus temas se naufraga,

por mais que um tsunami os agita!

 

Nenhum tremor ou furor o desaba,

nem o assusta um trovão que grita.

Ele tem uma força que não se acaba,

ele tem toda a sorte sempre bendita!

 

Ele vem de um reino transcendente,

muito acima deste aqui sempre perto.

Ele planta frescor e oásis no deserto! 

Ele voa com fluidez a um lugar sensível,

ele faz o sentimento alcançar seu ápice.

Borbulhas de prazer bordam seu cálice!

VC 126

Se houve um espanto por fora,

há um fato que traz encanto:

toda flor só pode vir da flora,

todo amor é tecido de canto!

 

Aquela foto surgindo por ora

apareceu como desencanto,

mas, todo aquele que adora,

neste instante cai em pranto!

 

Não há ser humano perfeito,

que não cometa algum chiste!

Levanta-me tu que não caíste! 

Tira-me deste fosso profundo,

porque não é aqui meu lugar!

Me leve à casa do verbo amar!

Vc 125

Todo poeta é um passarinho criança,

às vezes comete erros tão grassos!

Devagarzinho se vê girando na dança,

tropeça nas marcas dos seus passos!

 

Todo poeta nunca perde a esperança,

mesmo que esteja envolto em laços,

porque a poesia é sua grande herança

que lhe abre as janelas dos abraços!

 

Que faz o poeta quando assim tropeça

em tão infantil, insensato, trôpego gesto,

de fato qualquer tolo riria muito à bessa! 

Sente-se muito seguro, vê-se por dentro,

sabe-se que neste apuro tão incoerente,

se supera pela qualidade do sentimento!

 

Você 124

 Quem impede o olho d’água

de borbulhar debaixo da terra?

Quem impede o amor na alma

pulsar no broto que se encerra?

 

Se alguém souber que me traga,

a grande resposta que desterra

esta indagação sombria e vaga,

que dia após dia me soterra...

 

Seria fácil realmente esquecer

o que se viveu com sentimento?

Deixar tudo ir correndo ao vento? 

Não seria possível este abandono,

ninguém conseguiria este invento:

tirar o avesso do direito do pano!

 

 

 

sábado, 2 de janeiro de 2021

Natal 2020

Eu só tenho uma pergunta para este Natal e todas as suas ceias:

para onde foram eles então?

Antigamente as casas eram tão cheias e hoje tão vazio o coração!

Aquela cadeira lá no canto!

Ela nem mais balança, talvez congele o pranto!

Natal ou Mortal? Mortal enquanto a morte o leve,

Natal enquanto a vida é tão breve!


Solidão

 Era uma noite expansiva surgindo tão linda,

anoitecendo como orquídea brilhante e bela,

a lua cheia luzindo com esperança ainda,

tentava reanimar o cantinho da janela.

Era um olhar vitral naquele canto de esquina,

escapando escorregadio pela aquarela,

enquanto docilmente uma chuvinha fina

descia lentamente como chama de vela!

Somente permanecia uma imagem ali,

imóvel, suspensa, surpreendendo-se táctil,

dizia-se internamente: nem tudo é tão fácil!

Mesmo assim um olhar perspicaz não se mexia,

inexato, procurava pelo outro tão plácido,

somente o luar reluzia seu brilho galáctico!

Sensação

 O sol a nascer é como o olhar de Deus?

Não! O sol a nascer é o sol a nascer.

É retirar todos os adjetivos de Deus,

quando Lhe colocamos qualquer adjetivo.

Deus é! Yod Hê Vav Hê!

Para sentir o sol a nascer, basta perceber

o sol a nascer. Nada mais é preciso

Insensatez

Não sei se era má sina!

Quiçá falta de sorte ou coisas iguais!

Mas o herói dos saltos mortais saltou pela última vez,

sem saber se tinha água na piscina!

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...