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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

A canção de Stefany

Voltava Stefany toda feliz, encantada com a vida como sempre, pisando sobre as folhas caídas daquela ruazinha deserta, onde escolhera morar por ser mais romântico e bucólico. Lembra-se de seu pai e do cinema antigo cujos filmes ele a enviava e sentia-se como Soledad, la Violetera vendiendo violetas en la calle frente al teatro.

No entanto ao entrar em seu apartamento vem imediatamente em sua cabeça a dúvida de onde realmente viria aquele som incrível, aquela melodia elevando sua alma ao mais infinito do universo. Sendo professora de música a intrigava demais, pois aquela sinfonia transcendia a quaisquer deduções de todas as pautas musicais conhecidas.

Abriu imediatamente a janela para ventilar o interior da sala, afastou suas cortinas de cetim, mirou a ruazinha cândida e algumas estrelinhas brilhando como pirilampos sorridentes....A música iniciou sua sinfonia entrando por sua casa, perfumando seus quartos e todos os espaços internos... Mas de onde viria?

Stefany criou coragem, ou hoje ou nunca encontraria a resposta a esta intrigante questão, aliás, interessantíssima, pois lhe acrescentaria um conhecimento transcendental de música, pois parecia algo extremamente novo e místico ao mesmo tempo.

Então resolveu perguntar aos apartamentos em volta e não vinha de nenhum deles! Subiu andar por andar e não era de nenhum apartamento. A única pessoa dedicada à música naquele espaço era somente ela.

Dali surgiu até comentários, fofoquinhas domésticas por baixo das portas de todos os vizinhos, " ela quer aparecer para se dizer música"; porém, em nada isto a tocou. Era uma pessoa totalmente ligada ao mistério profundo do cosmos.

Louca, tinha certeza absoluta: não era! Demonstrava confiança plena de sua sanidade mental, total equilíbrio de todas as suas ações, pontualmente perfeita em todas as suas responsabilidades... Mas de onde vinha aquela música encantadora?

Não existiam prédios vizinhos... Como decifrar o enigma de todas as noites? Morando no interior da Esfinge de Gizé não se encontrava e não havia recursos para responder à sua inquietação.

Fechou a janela da frente, as cortinas e foi dormir. Veio-lhe uma ideia surpreendente naquele momento. Se fechasse a janela a música parava de tocar, quando a abria a música voltava em plena partitura e sinfonia.

Olhou novamente as estrelinhas brilhantes quando o universo abriu-se totalmente aos seus olhos e uma imensa orquestra cósmica deslumbrou um som maravilhoso e inigualável. Ela estava ouvindo a música das estrelas, pois conseguia viver suavemente no limiar entre o microcosmos e o macrocosmos, onde o equilíbrio total da perfeição, da beleza, da bondade tocava-lhe seu infinitesimal ponto espiritual no interior mais divinal do seu ser, com a riqueza da música universal.

 

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