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quinta-feira, 22 de julho de 2021

Vc 142

Sem você os relógios perambulam seus ponteiros em dormideiras,

enquanto um imenso muro se arrasta antes meus olhos lacrimados,

ferrolhos trancam as portas das cidades medievais com soleiras,

vão-se embora todos os vassalos, fogem para os montes os criados...

 

A noite me assombra porque não há vertigem de sono, na cristaleira

as louças brilham, ofuscam há séculos, trancam a laços seus cadeados,

neblina fosca desce pelas montanhas dos meus anos em cabeleiras,

caixas de pandoras escondidas no sótão dormitam sonhos islados...

 

Sem você somente a lembrança, um enigma sem resposta da origem,

sua retina cheia de franjas busca as cortinas destas carícias perdidas,

meus olhos vasculham os cômodos vazios ausentes de cores e vidas... 

Sem você os sussurros me saqueiam o silêncio, em volta, à sua margem,

as primícias desta dolorosa ausência, este sentir saqueando o sentimento,

tudo é vazio, leito sem rio, cada hora que chega devora cada momento!

 

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