Sem você os relógios perambulam seus ponteiros em dormideiras,
enquanto um
imenso muro se arrasta antes meus olhos lacrimados,
ferrolhos trancam
as portas das cidades medievais com soleiras,
vão-se embora
todos os vassalos, fogem para os montes os criados...
A noite me
assombra porque não há vertigem de sono, na cristaleira
as louças
brilham, ofuscam há séculos, trancam a laços seus cadeados,
neblina
fosca desce pelas montanhas dos meus anos em cabeleiras,
caixas de
pandoras escondidas no sótão dormitam sonhos islados...
Sem você
somente a lembrança, um enigma sem resposta da origem,
sua retina
cheia de franjas busca as cortinas destas carícias perdidas,
meus olhos vasculham os cômodos vazios ausentes de cores e vidas...
Sem você os
sussurros me saqueiam o silêncio, em volta, à sua margem,
as primícias
desta dolorosa ausência, este sentir saqueando o sentimento,
tudo é vazio,
leito sem rio, cada hora que chega devora cada momento!
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