Penso... você chegou como um incenso de cinamomo, cássia e jasmim.
Sorriram musgos com sorrisos dançarinos, nas pedras esquecidas
dos meus muros acinzentados por costumeiras tardes perdidas.
Na milenar fonte central do meu jardim, voltaram a passear
os sábios sefardins para trazer-me as ensinanças antigas.
Tâmaras de águas caíram em cirandinhas, candelabros bailaram
em tranças pelas nuances das brisas noturnas, quando tocados
pelas lanças dos raios solares de tua presença.
Esparziram pelo ar miríades de contas de cristais, cobrindo-me em
danças envolvidas pelas tuas meiguices vestais, solvendo-me como
avencas, envolvendo-me com teus desígnios por um colar
em lances dos solstícios do teu convidativo olhar.
Salvando-me desta ilha de mim mesmo rodeado de mim
por todos os lados, lançando-me brindes de plenilúnios, içando minhas
âncoras perdidas no fundo do mar; soprando minhas templárias velas
atlânticas além das perfídias ventanias em rodízios.
Você veio como um anúncio ímpar de festa!
Veio assim assim como acima de tudo do que assim me resta, com teu
semblante adornado de pétalas, contornado de pólens, naquele instante
inesperado no teu pensar perfumado cerzido em carmim, como a varanda
colonial de um solar me convidando a perceber a chuva caindo em seus
beirais em manancial e os rouxinóis distantes cantando aos mil sóis seus cantares apaixonados.
Assim você chegou em passos de diamantes e se adentrou em forma de ninfa no bosque
de minha inspiração; violino que tocou no meu coração de menino uma canção que
suavizou o meu destino. Você chegou com a maciez de uma ave de veraneio que risca o céu
a voar, mas não deixa cicatrizes no ar. Você veio como um horizonte no entremeio de
outro horizonte a delinear, porque são infinitos os horizontes, dependendo de quando cada
um esteja onde, você veio infinitamente para ficar