São José do Calçado III

Então me pergunta se eu gostava das ladeiras de São José do Calçado?
Em verdade, em verdade lhe digo que eram elas que gostavam de mim!
Então direi que para elas não escreverei um poema comum, nem farei rimas de ladainhas porque estes procedimentos não levam a lugar algum.
À moda espanhola diria “a mim me gostavam as ladeiras de São José do Calçado!”
A mim me gostavam tanto que uniram suas pedras antigas para que eu passasse por elas em tangos.
A mim me gostavam tanto que subiam e desciam e me levavam das planícies às montanhas, para que aprendendo a bailar no frescor dos vales e perceber mais longe dos píncaros dos montes, como poeta, eu pudesse dialogar com a vida por toda parte.
A mim me gostavam tanto que pelo reflexo dos raios do sol, através dela eu viajei pelo universo.
A mim me gostavam tanto que pela palidez de suas pedras transparecendo o luar eu percebi que havia mais mistérios no mundo do que estas pedras poderiam guardar.
A mim me gostavam tanto as ladeiras de São José do Calçado que vivem permanentes, pois ficaram fotografadas no álbum de minha retina com as molduras do meu coração!