A tarde
desmaiou no colo dos pinhais calados, emudecidos,
de verdes se
fizeram alvaiades, enquanto em suspenso andar
recolhendo protótipos
caminhos insulanos, tu entravas no mar.
O tapete de
areal bordado de conchas milenares deslumbrava
semitons de
delírios chamejantes sob teu vulto esbelto a deslizar,
mais uma vez
confirmo, enquanto tu entravas no mar.
As vagas que
aplainavam distantes se sossegaram, apenas beijavam nas
pedras rústicas
seus dorsos recauchutados de corais, enquanto todas as
ondas revoltas
em girar de paz se tornaram,
afinal de
contas tu entravas no mar.
Com seus
dorsos ondulantes gaivotas desenhavam parábolas no ar,
com elas o
céu se pôs a voar, enquanto todas as nuvens mudavam de
formas e
lugar, trocavam seus vultos por outros mais espetaculares,
brindavam a
este festival inédito, o fato de que tu entravas no mar.
As curvas
das colinas encimais se portaram eroticamente em louvor
ao teu corpo
inigualável, ao teu ser sublime, enlace de ninfa no carinho
supremo, enquanto os meus olhos se calavam
como águas postas em
alcarraza, pois se há de considerar que tu
entravas no mar.
Pela
primeira vez lá na última linha infinita do horizonte marítimo não foi
o céu que beijou o mar, nem foi o mar que se
enamorou do céu como
cantaram todos os menestréis, pois neste
momento o que mais vale a
pena não é repetir o que qualquer incauto sabe
intuir; pois o que vale a
pena mesmo é refletir, que se um dia tudo
ficar escondido pelo tempo em
seus véus, ninguém jamais esquecerá a cena
quando tu entravas no mar!
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