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terça-feira, 30 de julho de 2019

Você 7


A tarde desmaiou no colo dos pinhais calados, emudecidos,
de verdes se fizeram alvaiades, enquanto em suspenso andar
recolhendo protótipos caminhos insulanos, tu entravas no mar.
O tapete de areal bordado de conchas milenares deslumbrava
semitons de delírios chamejantes sob teu vulto esbelto a deslizar,
mais uma vez confirmo, enquanto tu entravas no mar.
As vagas que aplainavam distantes se sossegaram, apenas beijavam nas
pedras rústicas seus dorsos recauchutados de corais, enquanto todas as
ondas revoltas em girar de paz se tornaram,
afinal de contas tu entravas no mar.
Com seus dorsos ondulantes gaivotas desenhavam parábolas no ar,
com elas o céu se pôs a voar, enquanto todas as nuvens mudavam de
formas e lugar, trocavam seus vultos por outros mais espetaculares,
brindavam a este festival inédito, o fato de que tu entravas no mar.
As curvas das colinas encimais se portaram eroticamente em louvor
ao teu corpo inigualável, ao teu ser sublime, enlace de ninfa no carinho
supremo, enquanto os meus olhos se calavam como águas postas em
alcarraza, pois se há de considerar que tu entravas no mar.
Pela primeira vez lá na última linha infinita do horizonte marítimo não foi
o céu que beijou o mar, nem foi o mar que se enamorou do céu como
cantaram todos os menestréis, pois neste momento o que mais vale a
pena não é repetir o que qualquer incauto sabe intuir; pois o que vale a
pena mesmo é refletir, que se um dia tudo ficar escondido pelo tempo em
seus véus, ninguém jamais esquecerá a cena quando tu entravas no mar!

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