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domingo, 15 de setembro de 2019

Dama

Quando eu a vi naquela janela com os olhos mais abertos que o mais aberto de todos os girassóis, eu perguntei às mulheres da vida o que havia passado com aquela dona cujo olhar batia em mim como ondas batem à beira das pedreiras íntimas de mares longínquos e as mulheres que vendem seus corpos por tostões suados me disseram que há muito ela passava os dias de sol quente a mirar luas cheias no coração do sol!
Nunca vi tanta filosofia em tão surradas palavras! As palavras são como os doces das cristaleiras que só ganham valores quando por meninos arteiros são furtados às pontas dos pés, pois, enquanto são repartidos aos sabores dos dias mesmeiros entre adultos risonhos não alcançam horizontes alguns!
Portanto, foi um beijo, um beijo tão ousado de um aventureiro que começou em seu rosto tão sofrido, esquecido, vendido e maltratado, esponjeado de pó de arroz do mais simples e vendido nas vendas das estradas e que desceu pelo seu rosto, por sua boca muda que não havia ainda soltado um suspiro de verdade.
Desceu por seu corpo, adentrou-lhe para sempre em sua lembrança e daquele dia em diante sua janela não via mais o panorama de antes para uma rua dos prazeres dos outros, dos marinheiros cansados, de uma ou outra mulher que às vezes mudava de casa, na esperança que do outro lado houvesse mais ambulantes, pois, ninguém superaria aquele momento e que não valeria mais a pena vender seu corpo, pois não tinha mais nada a receber.

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