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sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Lembrança

Hoje gostaria de ser menino e escrever rabiscos pelo chão no fundo de quintal de minha casa interiorana. As minhas alpargatas que não eram minhas de tão grandes, me serviam de mata borrão! Gostaria de riscar o chão com um galhinho de goiaba e acreditar profundamente em meu coração que o mundo inteiro um dia saberia que o meu gato morreu e que nunca mais eu lhe daria um pedacinho de queijo. Na linha debaixo, uma que ficasse por baixo do tapete dos caracteres desenhados, gostaria de deixar registrado que comi escondido duas cocadas da cristaleira. Olhar para aqueles tracinhos no chão com a percepção infantil de que eram mais belos que aqueles dos jornais recebidos pelo papai, pois minhas letras eram livres, não eram cursivas e não tinham destino, pois cavalgavam por campos sem fim e subiam as montanhas mais íngremes.. Algumas representavam os rastros dos barquinhos de papel que jogava por sobre as ladeiras abaixo, enquanto outras imitavam os sinos a tocar do alto da matriz . Hoje gostaria de escrever letras esvoaçantes condizentes com as incômodas lacerdinhas da praça e para isto o quintal era bem grande. Gostaria de escrever de novo o primeiro poema que escrevi para uma borboleta onde perguntava quantos mundos ela via com tantos olhos existentes em suas asas. Hoje gostaria de escrever novamente aqueles poemas enigmáticos que poderiam ser lidos de diversas formas, pois possuíam conteúdos, estórias e possibilidades mil a cada momento. Hoje gostaria de escrever aqueles garranchos antes de minha alfabetização que tentando me organizar em uma gramática e de empacotar dentro de um dicionário, me desorganizou minha inspiração, sendo que às vezes custo me reequilibrar sobre a corda bamba deste momento e das lembranças para recuperar meu elo perdido do que é lúdico e original. Hoje gostaria de escrever meus poemas com aquele galhinho de goiaba e ter a possibilidade de parar para sair acompanhando uma formiga cabeçuda que ia me contando as estórias de sua vida e sua luta e que depois entrava em seu formigueiro porque ela vivia no outro lado do mundo. Hoje gostaria de deixar escrito novamente um aviso para o Bicho Papão abrir o olho comigo, porque eu tenho sangue daquele povo lá dos Pontões e nós não temos medo de assombração. Mas os versos mais lindos eu os escrevi para a minha primeira namorada. Aquela que nunca beijei. Aquela que nunca toquei em suas mãos. Aquela que foi meu segredo. Aquela que quando apenas vi seu rosto e seu semblante senti um “troço” aqui dentro, tão poderoso, tão forte, que sempre quando posso, olho para a direita e ilumino o meu levante. Os amores dos tempos da inocência são os raios de sol que iluminam mesmo à noite.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Vc 108

Saudade é sentimento, lembrança ou ilusão?

Asas ligeiras alcançando-nos por dentro sem ar!

Saudade, dança no pensamento, triste canção,

corro atrás da imagem na penumbra a procurar!


Imagem encarcerada no peito, tira-nos do chão,

nunca alcançada na distância sem nada recuperar,

vamos correndo sem efeito algum, sem condição

nenhuma, batendo em cada porta sem te encontrar!


Saudade, dor por dentro, saudade doendo de doer,

dor cada vez mais corroendo sem nunca acabar,

sem tão pouco realizar seu intento, ao nos esmaecer!

Encontro sempre pendente nesta vontade permanente,

a consciência em desalento andando de pernas no ar,

tudo desaparece de nossa frente, mesmo o mais aparente!





quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Vc 107


Louca vontade me incita e me transpassa
de senti-la outra vez presente aqui perto.
Não sei como a vida nos brinda uma taça,
vindo vazia de jardim e cheia de deserto!

Viver assim ermo não tem nenhuma graça,
sorvendo nenhum ar mesmo boquiaberto.
Um sofrer sem fim que todo dia me enlaça,
desfazendo meu caminho agora tão incerto!

Querer-te distante, percebê-la ao meu lado,
mas não consigo sair deste tristonho lugar!
Sou aquele menino a querer capturar o mar
em um baldinho de brinquedo sobre a areia!
Porém, de tudo isto o que vale a pena notar,
é que este vazio de ti, só você pode ocupar!


Vc 106


nada 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Vc 105


Em um encontro casual daqueles sempre costumeiros,
um dia fractal nos encontramos surpresos face a face,
um mergulho meio tonto daqueles amores primeiros,
maior sentimento jamais pensamos quem imaginasse!

Acontece um canto universal de cacheados floreiros,
naquela dança ritual que cada movimento dançasse,
ouvia no embalo eternal, como amantes em veleiros,
neste umbral não há dúvida alguma que nos embace!

Se nos encontramos tudo desaparece em nosso redor,
pois levamos como quem tecendo um manto de seda,
a alma leve, tudo se esvai e se desdobra em cada cor!
No momento de veludo viajamos, erguemos um brinde,
nossos suspiros são como a neve que coroa os montes,
encontros mais outros, que cada encontro não se finde!


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Vc 104


Amor, vou explicar, termo contundente a cada momento,
hipérbole do meu ser a procurar aqui perdido neste lugar,
para mim amor move a hélice do viver no complemento,
não é objeto direto nem indireto, nos dois, amor é estar!

Amor, ermo e distante, procurar ainda leva ao contento,
como servo te obedeço docilmente para onde me levar,
no jardim do ardor pode-se aplainar nas asas do vento,
amor também, verbo presente derivado do verbo amar!

Flor nascendo fulgurante com delicadeza reina no peito,
luz de bordado circundante iluminando-nos por dentro,
amor não é objeto, mas verbo que a nada está sujeito!
Amor é laço apertado, corda de marinheiro presa no cais,
enquanto a embarcação delira nesta dança sobre o mar,
amor meu, sempre amar, deixar de amar, nunca, jamais!


quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Vc 103


Fera fetiche, nesta síndrome devora
o ímpeto de te querer onde me sacia,
como uma deusa controla cada hora,
no despontar críptico de todo o dia!

Fera, festa mímica, leva-me embora,
embrulha-me na química da alegria,
viagem que borbulha a gente adora,
prazer que encerra, sobe e arrepia!

Rebola com matizes de fera felina,
na vertigem de uma caça eminente,
cola em mim seu corpo de menina!
Dedilha movimentos com sedução,
um tango dervixe mais que dança,
paixão: tanto prazer com emoção!

Você 102


Saudade é um jogo de dor que arde
intermitente fogo que não se apaga.
São tantas lágrimas desta saudade,
permanente tempestade que desaba!

Nem que me reparte por toda cidade,
presentemente uma onda que  vaga,
vem doer no peito esta cor saudade,
a face do dia feito se perfaz notívaga!

É um sentir que por dentro nos bate,
um aqui sem aqui, uma imensa draga,
aos poucos suga a vida que nos cabe,
enquanto nossa mente apenas divaga!
Um sentimento do mais alto quilate,
força de intento que crava uma chaga,
nos joga os pensamentos num embate,
vento frio cuja liga e ruga não nos larga!


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Poeminha da esperança

Se eu tiver uma tristeza ou uma alegria amanhã, 
depois de amanhã será outro dia.
A janela do ontem sempre se fecha atrás de nós. 
Mas a janela que se abre ao que vem depois, 
sempre se abre para outra janela após.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Amizade

Meu passo é calmo e vem 
no compasso de cada passo. 
Meu abraço amigo e amiga 
é tão apertado que não deixa 
entre nós um traço. 
O que mais me intriga 
é que assim estendemos 
uma ponte entre dois corações
no mesmo horizonte. 
Colamos uma fronte de cada lado. 
Nos somamos, pois bebemos
na mesma fonte! 
Em cada paragem, 
mesmo andando lado a lado, 
vemos em nossas sombras 
o escudo da nossa amizade, 
atravessando com tudo 
a paisagem!

Vc 101


Nosso amor rodopia neste filme inebriante e romântico,
arde adentrando dia a dia, amados atores nesta filmagem,
pelas cores espelhando a cada girar deste prisma tântrico,
um ardor se sobrepõe ao outro despindo cada roupagem!

No entardecer de cada cor desvela em seu colar semântico,
encontrando o frescor primaveril desta radiante paisagem,
vive seu desdobrar a mil, seu desejo constante e quântico,
deixando um calor de tanto nos conduzir a cada margem!

Não tem como prever o pendor, viver neste levante quando
suavemente diante do sol surgimos beijando neste instante,
seja andando na rua de pensamentos dados nos abraçando!
Segundo vem outro segundo vai e entanto neste vai e vem,
vou contigo andando, percebo o valor que na alma levamos,
quando lavamos a alma neste amor de nos querer tão bem!

Inesquecível amor

Quando penso em você, eu não sei quem é que pensa. Não sei se é a vontade de te ver. Não sei se é a minha alma que condensa. Quando pens...