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sábado, 21 de novembro de 2020

Certeza

Não sei o que entre

uma coisa ou outra

Inaugure uma possibilidade.

Possa ser que por ali passe

algum lavrador, ou quem saiba

alguém que cace um tesouro

enterrado e abra o chão com

as mãos cheias de chagas,

suor na face e no peito

uma dolorosa ambição.

Mas creio que tudo é possível.

Sei que mesmo se um dia

tudo for deserto, há de

passar um cometa ligeiro

e passará tão perto,

lançando rastros de víveres

de novas existências,

como em antigas eras

antes de nós, passou

com suas sementes

este cândido jardineiro.


Momentos

Venha ver de minha janela,

não os astros infinitos, mas

as simples nuvens tão singelas

que não deixam rastros,

a não ser apenas rabiscos

que se apagam como desaparecem

os barcos mais ousados

com os píncaros de seus mastros,

enquanto os sóis os aquecem

e diluem o movimento das águas

os deslizamentos de seus riscos,

os seus intrépidos passos!

Venha ver de minha janela

apenas o passar ligeiro de cada nuvem

no céu e poderá dizer que viveu

um dia inteiro pensando que

admirar é mais ou menos assim,

aparecer e desaparecer sem

deixar marcas. Ser tão inteiramente

observador que mesmo sendo,

com toda sua energia posta

no que esteja vendo, parece

momentaneamente que está

a observar ao léu.

Transcedência

 

Breve vida, oh! vida breve...

Nada sei de ti, nada oh! vida!

Não sei quem é mais leve

nesta curva ou descida.

Não sei se sou eu quem

escreve, ou quem escreve

por mim esta rima tecida.

Se um dia a vida me leva,

deixe-me ir bem acima,

fluível em pura essência,

seja de luz não de treva,

seja o sumo da consciência,

fruto da minha obra prima!

Devenir

Não lhe digo somente que hoje é sábado.

Digo-lhe que ontem foi sexta e amanhã será domingo.

A vida foi sempre assim e desta forma ela sai por aí.

Cada dia cai como um pingo, outro pingo, outro pingo

sobre a grande espera parada à beira da estrada,

como um imenso rochedo em um mar distanciado

de cada continente, cada solene agora ou cativo aqui;

pois cada dia é uma tangente que toca a superfície

das espumas que bordam a grande taça da existência.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Você 123

Sentimento tão meigo, nem necessita explicação

a cada momento que vivemos, ou seja cada fato,

viajamos pelo tempo entre o racional ou intuição,

tocando este intento com pétalas de rosas no tato.

 

Se pudesse ler cada sinal impresso em cada mão,

chegaria a um pontual conceito em tom sensato,

teria certeza de que o real tem seu verso intuição,

nesta correnteza de viajar feliz além do imediato!

 

Perceber a beleza absoluta, sinfonia de pantera,

enfim, o que poderia haver de maior felicidade,

encontrar em teu olhar o sentido da primavera! 

Poderia captar de todo o mundo suas aquarelas,

te chamaria em uma noite de luar para comigo,

em uma sala romântica: jantar à luz de velas!                                                          ,

 

Correlação

Vesti-lo, fez do meu sonho

tudo aquilo.

Tê-lo foi meu percurso,

sê-lo foi meu zelo.

Tra-lo que eu di-lo, se é meu,

se é paisano ou fariseu.

Arquétipos

 No nada há tudo. No tudo há nada. No entanto, fico

mudo aqui no meu canto.

Com tudo ou por nada, portanto.

Viver não é pouco nem é muito...Tudo ser, ou nada ser.

Aparecer e desaparecer por enquanto.

Poema sincrônico

 A gente se reencontra sempre no rolar dos tempos,

fios da mesma trama, sopros dos mesmos ventos,

frutos da mesma rama, como ímpetos dos mesmos intentos!

A gente se reencontra, pois reencontrar-se ao menos

nos leva aos mesmos meandros, aos mesmos átrios do templo!

O mundo conspira seus “entretantos” para que se promovam

os reencontros e para isto possibilita seus cantos por toda extensão!

A vida lança seus dias pela semana tal uma neblina cadente,

expande num canto numinoso um  encontro de repente, encontro

do reencontro, bailar do coração com coração, em forma de semente

a brotar em uma hora em ponto, não hora marcada, mas valeu tanto!

Se escolher opções, ações para decidir quais passos darão em quais vias,

necessitamos saber a diferença entre coincidências e sincronias!

 

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...