É a alma portuguesa com certeza!
A sombra me
enviou à luz.
O antes me
enviou ao depois.
O nada
absoluto me enviou ao tudo.
Neste estar
aqui o que mais me seduz
é que não
sou penas um, sou dois.
Sou um ser
às metades, meio discursivo,
também meio
mudo.
Sou meio
tocável e muitas vezes me supus
estar a
abraçar o mundo,
quando de
mãos vazias me surpreendi desnudo.
É a alma
portuguesa, com certeza!
Assim vou
pela vida me dividindo
entre a
solidão da casa ou a amplidão da rua,
por onde me
deslizo e reconstruo uma
efêmera liberdade
de ser um meio sol
se abrindo
ou meias nuvens cobrindo a cidade.
Sou um sim,
às vezes sou um não, sou mesmo
assim, por
que não?
Da alma
portuguesa são meus resquícios!
Às vezes me
tropeço num grãozinho de areia,
outras vezes
giro saltos imortais sobre precipícios!
Sou um filho
do passado e um herdeiro do futuro.
Não me
engasgo com este presente, tenho-o nas
rédeas bem
seguro, porque sou um ser alado
andando na
ponta dos pés sobre minas de cascalhos
e quero saber quem está lá atrás do muro, porque
o que está
por cima, para mim é fácil,
meus olhos
já são calejados de ver terra à vista.
Mas desejo mudar
o rumo, se meu barco vai na
horizontal,
minha alma vai a prumo, pois ela é
forjada de
puro metal, mas dormita dócil em
minha cintura!
Desta
instabilidade onde me destruo em seguida
me reconstruo,
desde vai e vem nunca me curo.
Mesmo que
seja um puro nada, o mundo haverá
de ser um
todo tudo!
É a alma
portuguesa com certeza!
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