Entre nós rondava lenta a noite não anoitecida,
lá fora se estendia desatenta a bruma com espanto,
a escuridão ia acontecendo, porém desacontecida,
quanto mais nos envolvíamos num doce acalanto!
A gente nem percebia a hora por cada hora vivida,
entre nós todas as sombras se juntavam em um canto,
porque tudo passava e também passava despercebida
a nossa compreensão, o perceber de tudo, enquanto,
tudo durava eternamente, tudo solenemente erguido
em um cenário de alfombras, de perfumes e flacidez,
sem percebermos os momentos de cada minuto vivido,
sem tão pouco pensarmos que ali eram muitas viagens,
feitas em movimentos singulares, na meiguice, no entanto,
silêncio entre nós dois, embalo doce de nossas ancoragens!
Nenhum comentário:
Postar um comentário