Conto da percepção

Estavam umas crianças brincando de pique-esconde em um grande pátio no jardim central da Medina, enquanto o sábio Al Ammar dedilhava sua tábua de logaritmos para a solução de uns problemas matemáticos, quando uma senhora sorridente, mãe de uma daquelas crianças, se dirigiu ao grande geômetra, “crianças são muito simples e ingênuas, qualquer coisa as deslumbram, agora veja que brincadeira mais boba esta, brincando de se esconder!”.
Al Ammar desviou seus olhos penetrantes da tabela de logaritmos, “quem lhe disse ser simples esta brincadeira, minha senhora? Descobrir, ou buscar soluções são nossos eternos desafios pela vida! Está na alma humana o anseio pela descoberta, porque o mais esplêndido e maravilhoso é o recôndito, ou aquilo que não mostra seu rosto! Por exemplo, nós buscamos somente a superfície; quando olhamos para o outro, percebemos seu corpo físico, enquanto o mais importante, sua alma está escondida dentro do seu corpo! Observe a criança quando encontra o amiguinho escondido; ela aponta, dá um grito, mostra um rosto resplandecente cheio de admiração! Nós respondemos ao grande desafio da descoberta da origem cosmogônica com uma inaugural estória de que o Eterno fez o universo a partir de sua palavra e sua admiração, pois Ele enquanto ordenava faça isto ou aquilo, Ele via que era bom. Por acaso não é isto encantamento? Cantar dentro de si, emitir palavras mágicas e maravilhosas a partir de si mesmo, do seu princípio eterno de criar. Ele criava o mundo que estava escondido em si mesmo, pois Ele o trazia à luz. Nós devemos agora fazer o contrário. Jogar-nos neste pique-esconde e buscá-Lo no mundo, em cada coisa, ou seja, descobrir em todas as coisas onde Ele está escondido!”
“Desculpe-me Al Ammar, acabei desviando sua atenção, enquanto o senhor estava a resolver um enigma da matemática!”. “Não, minha senhora, de forma alguma! Às vezes precisamos desviar a atenção para encontrarmos o f