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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Vc 113


Um dia sem mais nem menos ela saiu a passear,
não sei se foi por aí ou para longe como se diz,
deixou-me monge como um balão solto no ar,
desenhando desejos com pequenos traços a giz!

Fiquei tonto como folha no rio perdida a vagar,
correndo pela correnteza como um pavio infeliz
de uma chama que ardia com  beleza a brilhar,
que se apagou de repente no vento por um triz!

Contava nos dedos cada minuto, hora, segundo,
quem sabe poderia chegar como aparece a lua,
deixando boquiabertas todas os seres do mundo!
Não é fácil olhar todos estes dias por esta janela,
pintando sobre a rua sozinha, muda e silenciosa,
este seu vulto com a imaginação nesta aquarela!

Cegueira

O mais belo pode estar aparentemente invisível. 
O mais maravilhoso pode estar despercebidamente escondido. 
Do mistério mais profundo só percebe seu esplendor, aquele que se desprende de todo ruído e se desapega. 
Aquele que sabe ser humilde e bondoso por trás do seu umbigo. 
No céu brilhou uma linda estrela. Só uma criança pode percebê-la! 
Na vidraça pousou um lindo inseto. 
Quem o admirou? Um poeta quieto ali perto! 
Os homens comuns em suas correiras não vão além dos seus vultos e mesquinharias! 
Não percebem porque não estão soltos!

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Vc 112


Ao falar deste quadro enigmático e desta moldura,
é necessário a prática com explicação bem esmera,
pois nele não entrará o enfado de qualquer figura,
ele somente refletirá seu semblante de primavera!

Não adianta no quadro tentar deslocada procura,
derrocada será sua sina para uma sala de espera.
Ele é bordado pelo tear com seu sorriso e doçura,
pendurá-lo solene no peito, ai, ai quem me dera!

Nossa vida sendo uma extensa, complexa galeria,
tecida em quadros nesta fila de longos corredores,
explícita nos temas e na busca em tanta correria!

São intrínsecos recantos guardando seus adornos,
que nos trouxeram desencantos, mas me escapo,
se os quadros me emolduram os seus contornos!


Vc 111


Andava em busca dos meus sentimentos,
somente os que reprimi ou não quis.
Ergo-lhes a taça dos meus pensamentos,
em uns fui feliz... em outros infeliz.


Vou ao infinito do meu inconsciente,
bato-lhe à porta, necessito entrar,
levar em minhas mãos o meu presente,
vejo o foco severo do seu olhar.


Estou em um salão resplandecente,
alguém passando por mim sem semblante,
eis um quadro silente, sem pintura.
Foi assim que compreendi de repente,
que devo pintar de agora em diante,
um quadro ao nível de minha moldura.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

Vc 110


Ontem de manhã parecíamos dispersos, tão distantes,
sem fôlegos, perdidamente inválidos os pensamentos.
De repente não éramos diversos como fomos antes,
pálidos nossos carinhos se derramavam nos ventos.

Como viveríamos doravante com sentidos faltantes,
daqueles bem preenchidos em delirantes momentos
presentes, tão comuns , conhecidos e tão constantes,
nunca houve neste mundo maiores acontecimentos!

Trôpegas, bêbadas vestida de sombras a despedida
rondava em nossa volta com passos de arcabuzes,
querendo furtar as luzes de toda esta alegria vivida.
Em forte escolta nos lembramos de divino enfoque,
daqueles que são impossíveis seus traços esquecer.
Fazem ondas em nossa alma com apenas um toque!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Poema da indagação

Poema da indagação (José Do Amaral)
Para onde se foi aquela pessoa que aparecia na janela?
Poxa vida, era tão bela!
Para onde se foi aquela janela? 
Poxa vida, me dava vontade
de entrar por ela!
Para onde se foi aquela casa? 

Poxa vida, até hoje sua lembrança me abrasa!
Meu Deus, tudo isto foi para onde?
Porque tudo aparece e depois se esconde?

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Vc 109


Bobo vento que vem suave balançar minhas cortinas,
chegando  no frenesi de pensamentos em seu girar,
parece não conhecer a via láctea das minhas retinas,
movimenta também este segredo que não sei calar!

Pretende dizer-me que chegaste, que me fascinas,
vasculha minha casa por todo canto a me procurar,
porém, não sabe! De longe nem tu mesma imaginas,
que onde você estiver, ali eu também posso estar!

Para ti não adormecerei em nenhum esquecimento,
pois, uma vontade permanente lateja no meu peito!
Dela ninguém jamais saberá, tenho pena do vento!
Teu perfume adocicado preenchendo este ambiente,
teu vulto sempre lembrado, a beleza que me aquece,
teu ser iluminado com seu semblante aqui presente!

Café sem manhã

Estava tão deslocado ao tomar o seu lanche na padaria ao lado; que após bem mastigado, engoliu o guardanapo!
Tanta coisa nele escrita! Agora onde está o pavio de sua fértil inspiração? Adeus poema no guardanapo tão belo, tão guapo!
As curvas da mulher bonita! Um poema como um rio levava suspensa a canoa no remo da imaginação!
Reescrevê-lo? Nunca mais! Destroçou-se seu tesouro garganta abaixo! Em seu lugar ficou um nó górdio!
Porém, não era um caso passageiro. Antes de chegar ao cais, com beijos no ancoradouro... foi-se como o amor primeiro.
Em seu lugar um nó de saudade na garganta! E tanta saudade! E quanta!

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...