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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Eu sou


Vestindo roupagem de mim,
vivendo leve como um pólen,
serei sempre assim:
resistente como um totem,
resiliente como um jardim!

domingo, 20 de setembro de 2020

Você 120

 

Você sabe com quantos passos se faz um caminho?

Não depende somente da extensão da caminhada!

No início quatro passos, pois não se anda sozinho,

uma partida solitária resulta uma volta sem nada!

 

Você sabe com quantos toques se faz um carinho?

Não surpreende a gente um toque longo de geada,

pois somente aquele roçar leve, bem devagarzinho,

dá profundidade de contato na pele bem mapeada!

 

Ninguém poderá pressentir o que é o amor a jorrar,

se dois seres amorosos se encontram em harmonia,

ninguém poderá calcular os graus do seu caminhar. 

Nosso caminho nos indica: não é curto nem extenso,

Nossos carinhos não nos deixam marcas ou vestígios,

ela, doce neve que cai , eu mais leve a voar suspenso.

 

Você 119

 

Surgia num solstício de tarde bem cinzenta,

ela naquele lago em dança de sereia felina,

percebo o entardecer numa girândola lenta,

parando todas horas no relógio da neblina!

 

Somente minha imaginação estava atenta,

buscando a lição que a vontade nos ensina,

sabendo que nos incita à paixão, nos alenta,

deixando-nos um flash que não sai da retina.

 

Envolvendo-nos uma atração que nos enlaça

um no outro, como se de um ágil trampolim

mergulhássemos pelo sabor da mesma taça. 

Carinhos forrados de lã macia com suavidade,

de cada movimento surgia em nós um jardim,

florescendo uma manhã de sol no fim de tarde.

 

 

Des(morador)

 

Quem é aquele homem

dormindo na praça sobre

uma folha de jornal?

É um abandonado social,

uma sombria argamassa

desvelando sobre o funeral

do seu próprio office home!

Visão social

 

Sou poeta do povo, este é meu estilo.
Estou ao lado daquele que é bom semeador,
que semeia escola, saúde, infraestrutura,
pois se o povo tem fome, o poeta se consome.
Estou ao lado daquele que fecunda amor!
Não sou surrealista, não sou pós-modernista,
quando escrevo me encontro na minha procura.
Não sou intelectual, não sou isto nem aquilo,
sou um poeta natural e se o povo for maltratado
estarei junto com meu povo, ao seu lado!
Sei que a poesia tem florir de rosa, cheiro de alecrim,
minha poesia tem este perfume do povo em mim!


Incerteza

 

Andorinha pousada

em um fio.

Sozinha na vida

por um fio.

 

Indecisão

 

Se coisificar a coisa, a coisa coisifica.

Se descoisificar a coisa? A coisa não fica.

Coisifica ou descoisifica?

Ou fica com a coisa ou a coisa não fica.

Overdose da natureza

Pantanal sinta o meu pranto sobre o pantanal jamais,

sob tsunamis de labaredas crepitando no calor e no zunido,

são dançarinas absolutas com seus corpos de chamas colossais,

minhas lágrimas não renascerão todo este édem perdido,

todas as aldeias diluindo em dilúvios de cinzas horizontais,

minha dor não recostura cada trama perdida deste trágico tecido,

são carcaças fúnebres de animais, lodos de cinzas nos umbrais,

jorrando seus últimos suspiros no exercício de cada salto retido,

são fuligens de florestas tão antigas, vão-se embora os ancestrais,

o fogo devora tudo e rumina a natureza esparzindo seu rugido,

não haverão mais estações, verão, outono, inverno, primavera jamais.

sábado, 5 de setembro de 2020

Poema da tarde secreta

Um tanto de mim é nada de um pouco de mim que é tudo!

De um tudo preenchido de nada. De um nada de onde veio tudo.

Ah! Se meu coração não fosse mudo!

Porque de todo o meu discurso o que rola por sob seu curso é o Tudo!

Ah! Se escutar fosse seu escudo!

O Tudo tão simples de nada!






terça-feira, 1 de setembro de 2020

Leveza

Desfiz pedras no sapato,

escapei do topo do muro;

aprendi que o pulo do gato

é colher este fruto maduro:

viver muito amor de fato,

sendo um ser mais puro!

Olha aí Seu Jair

 Aconteceu lá no pé de serra, assim me contaram uns matutos dedilhadores de violas e serestas. Havia um toureiro tirado a valentão de nome Jair com constelações de bravatas a concorrer com estrelas. Num bate boca com um tal Juquinha, Jair arrancou sua garrucha 44 e apertou o dedo quatro vezes e nada de tiro, pois seus meninos haviam tirado as balas para brincar no terreiro de café. Juquinha sacou um três oitão e apontou pra Jair que despachou, "Jair já não sou mais! Sou Já era!". Juquinha, também era repentista, deslanchou, "Aqui está Juquinha, diante de quem foi Jair! Jair já era! Aos pés desta serrinha, esperando a primavera, vou plantar esta amizadinha chamada Jair Já era!" E assim foi o fim, ou melhor, o começo de uma amizade eterna, pois o perdão lá na roça vale tanto quanto a primavera!

Jogo etimológico

Mário e Maria por si só já prometem casamento. Mário de origem libanesa, famílias Fada e Kuda. Maria linda e meiga. Conheceram-se num restaurante libanês. Beijos vão e vem com outras coisas mais. Casamento marcado. Opa! Um detalhe: o sobrenome de Maria! Sá, tb de origem árabe! Agora como ficaria seu nome de casada? Maria Sá Kuda? Poderia colocar o sobrenome materno de Mário, bem originário Fada? Maria Sá Fada? Naqueles tempos não havia uma nova lei. Mas uma boa saída árabe: Maria Sá Kuda Fada! Uma Fada bem sacudida com certeza provoca mais milagres!

A inteligência do burro

Naqueles tempos a escolinha do interior tinha um estudo dos bons e olhe se não igual, melhor que os atuais. Aprendia-se até francês! Um tal Pedrão, domador de animais, depois de aprender uma meia fala de francês, resolveu ensinar um burro a obedecer ordens francesas. Não é que o bicho cumpria direitinho com acenos para cumprimentar as pessoas, balançar a cabeça, dançar, etc Certo dia, se apresentando no vilarejo, gritou para o animal, “Aimez-nous!”, que significa “Ame-nos” para que o animal fizesse uma reverência à pequena platéia. Mas o danado deu uma sacolejada e jogou Pedrão num lamaçal ao lado! O Padre gritou, “Tá vendo? Ele entendeu enlamez nous!”

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...