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terça-feira, 20 de outubro de 2020

Você 122

Como eu poderia um dia te esquecer,

se sua imagem sempre me alucina,

faltaria o sol nascente ao amanhecer,

faltaria poente lá no alto da colina!


Seria perder a atenção de perceber,

ou ficar cego suspenso na neblina,

não nego que seria um desvanecer,

ou desbotar terrível a minha sina.


Não há distância que se convença,

estar milhas de distante de alguém,

quando se ama, espelha a presença!


Não há momento que se afugenta,

quando se gosta de gostar atento,

de dentro, tudo por fora esquenta.

  



sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Você 121

Andei incessantemente por este denso mundo afora,

mergulhei em vales, tal menino atravessei florestas,

vivi intensamente a lua, o sol em cada aqui e agora,

voei como incenso nas asas dos pássaros em festas!

 

Senti todas aquelas matizes que a natureza decora

cada curvatura, diretrizes, os ângulos, todas frestas,

descobri que há por dentro tudo o que há por fora,

aprendi sisudo tantas coisas, tantas mais que estas.

 

Percebi que o segredo fortuito desta aprendizagem,

não estava em observar sozinho o enredo, contudo,

nem a navegar imóvel e mudo, só, em uma margem. 

Somente neste momento onde me acordei de mim,

percebi sua imagem, sua luz, acima de cada mistério

vi fluir de seu ser todo este mundo tão belo assim!


Poeminha

 

Escrevi um poema tão pequenininho,

tão pequenininho, tão pequenininho

que só sobrou mesmo um ninho!

Um ninho feitinho no galhinho de

uma árvore e por baixo dele passava

a correnteza de um caudaloso rio!

Ali ele deu à luz como um pavio

aceso a um passarinho!

Ele cresceu tranquilinho!

Quer mais do que isto?

Toda a natureza é

como este ninho!

A natureza prospera

sem dar atenção ao risco.

A natureza tem a alma da leveza.

Oratório

 

Senhorita, peço-lhe pronto que seja perdoado,

 ter-me em nosso grupo andado na contra mão,

eu tenho um heterônimo que vive no passado,

sobrevoando pelas nuvens sem os pés no chão!

 

Passar no entanto a limpo o que já foi traçado,

nem sempre nos conduz a uma boa condição,

embora em  muitas vezes esteja mergulhado

em outro mundo, ah! imenso o meu coração!

 

Sendo poeta é mais ou menos ser um pastor

de um rebanho mudando toda hora de lugar

para encontrar seiva de mel às vezes no luar!

 

No grupo rosacruz no fluxo de uma correnteza,

ingênuo, sob os delírios de um poeta a divagar,

um menino no barquinho descendo com leveza.

Apelo

 

Ouça-me porta vai e vem,

fechar e abrir de cada dia!

Leva a tristeza para além,

vem com asas de alegria!

Porta que se abre e fecha,

cada dia a fechar e abrir,

acabe com toda queixa,

ilumina-me outro sentir!

Que venham dias floridos,

face linda de um espelho,

sem pensares reprimidos,

não deixe em vão o  apelo.

São nuvens que vem e vão,

outras voltam em seu lugar,

venha me trazer uma canção,

que me torne leve como o ar.

Gênesis

 

No início era o verbo da luz,

não era um simples facho

e não eram fogos de artifício.

No início era amor perfeito,

de tão sublime não se traduz!

Não era fogo de palha

queimando em desperdício!

No início era o verbo divino,

era também o divino sujeito,

e também o divino complemento

que a tudo se entrelaça!

No início não havia desatino.

No início não havia sofrimento.

No início era tudo perfeito.

Tudo começou assim!

Foi assim que começou tudo isto!

Por que caminhamos para o fim,

se tudo era tão bom no início?

 

Memória

 

Não me esqueci, não me esqueci, não me esqueci
dos dinossauros que enterrei no meu passado,
dos dissabores enjaulados em seus porões
de podres amarras... nem me esqueci, para
que tenha rima, de todas as algazarras
daqueles que não seriam capazes de estar
diante de minha obra prima: a poesia! Não, não
me esqueci...eis-me aqui como constante testemunha
daquele que contempla as molduras dos
quadros furados de traças pelo tempo e que
é capaz de pintar outros retratos em
seus dourados e bem relembrados intervalos!

Lástima

 

Hoje ando por uma estrada

tão fina quanto um pavio.

Era por cima desta estrada

que alegre andava meu rio.

Minha cidade perdeu seu rio.

Minha infância perdeu seu rio.

Minha saudade perdeu seu rio.

Uma elegância perdeu seu brio.

Hoje observo este desvio,

uma marca de quase nada.

Acreditem era meu doce rio,

hoje uma sinuosa estrada!

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...