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sábado, 29 de junho de 2019

Perceber


O que fazer depois de amanhã?
Deixe a cada dia o labor de cada dia.
Tudo passa? Não! Tudo é eclesiástico!
Tudo que aqui aparece cai na surpresa de um laço.
Tudo é tão dinâmico ou tão sem sentido, como correr
atrás dos ventos somente nas aparências imediatas!
Tudo é como águas correndo quando por cima
do seu dorso se risca um traço!
Mas tudo se entrelaça.
Tudo tem sim um significado fantástico!
Entrelaça-se o cão com o dono. O dono com o cão.
Entrelaça-se o pai com o filho, o filho com o pai.
O que fica é o que vai.
O que vai deixa esta dica!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Meu povo


Se daqui um dia eu me mudar,
terei saudade deste cantinho
onde vivi boa parte da vida.
Saberei com muito amor levar
saudades imensas deste povinho,
expressão por mim muito querida,
nome que criei para comigo guardar,
uma lembrança de ternura e carinho,
deste povinho, mas pequeno povão
que levarei feliz por outro caminho,
com as flores bonitas do verbo amar,
plantadas no canteiro do meu coração.

Escrever

Ser escritor não é desbotar palavras. Somente resguarda-las. 
Cuida-las na fonte primitiva de onde vieram para tomar banho de sol. 
Ter a calma do guardador de rebanho do verbo solar. 
Esparzir na natureza de cada página as frases ideais, onde não se espera de onde vieram, nem se sabe como. 
O escritor apenas encaminha, apascenta, equaciona a mensagem, enquanto tange o rebanho da linguagem, sem manuseá-la ao cansaço, guiando-a ao aprisco. 
- Mas não é que nisto, o escritor corre um risco? 
Sim, mas ter o cuidado permanente, de enquanto tocar as cordas, ser apenas seu intermediário.

domingo, 23 de junho de 2019

Ao Rei da Fotografia TONICO (Antonio Carlos Gemada Sessa Neto)

Como devo definir Tonico?
Fotógrafo que rima fantasia e abstração,
Príncipe da magia, provedor da expressão,
deste universo a se tornar mais rico,
investigador de um mundo translúcido,
ressurgido no instantâneo do retrato,
progenitor da inocência e do lúdico,
desvelador da imanência no abstrato?
Como posso definir a sua técnica
com a imagem renascida ao ser vista?
Ao viajar no embalo de sua imaginação,
deslizar pela maciez de sua estética,
sentir o perfume da foto comunicativa,
mergulhar no contraste, no brilhar,
na nitidez de sua plena percepção
perdurar na existência mais altiva,
encontro a graça suprema a espelhar!
E desta sua talentosa sensibilidade?
Grande mago com doçura a conceber
e trazer ao esplendor da luz, o seu saber,
o seu captar, a sua forma como conduz
a descobrir o reino, o lócus, o ponto exato,
geométrico, estético do campo angular
no volver da lente em artística harmonia,
da nitidez do foco, do lugar onde mora
eternamente a beleza da fotografia
e rege o equilíbrio áureo/espacial,
para delinear e fluir, sempre a despertar
com perícia a amplitude do desgin visual.

domingo, 16 de junho de 2019

Vai e vem


Cede pouco?
Não seja louco!
Procede bobo?
Não seja pouco!
Quando o homem
é lobo do homem,
é lobo do lobo
também!

Igualdade

Quero ver o povo feliz! Isto é mais importante do que
ficar a tecer versos! Quero ver o comércio todos os dias
em dia de festa! Quero ver todo mundo vendendo, todo
mundo comprando! Não há coisa mais bela do que ver
alguém empurrando um carrinho cheio de compras no
supermercado! Nem que seja entre os homens o mais comum,
não há para mim sonho maior que ver a distribuição de
rendas em um denominador comum!
No meio desta crise, para mim, qualquer outro
desejo é inconsciente e libidinal, é pecado mortal.
Quero progresso, paz, quero ver um sorriso esculpido em
cada face!
Universo, não me arrisco a questionar sobre
o seu princípio, meio e fim! Seria a última fronteira
a perder-me em mim! Seria ser perverso, ficar
enrodilhado na sua teia de ouroboros!
Não necessito compreender tudo, nem encontrar
a fórmula geral segundo a qual teria a bola de
cristal das respostas para todos, pois me encontraria
desnudo com as mãos vazias da última cartada!
Não quero entrar neste jogo de esconder
sobre as mangas do meu paletó este ais de espada!
Busco coisas mais lúcidas e concretas, perdoem-se
se assim pecar, meus amigos poetas!
Não vejo mal nenhum em pecar desta forma aqui
na terra e ganhar uma dádiva no céu!

quarta-feira, 12 de junho de 2019

Caleidoscópio

Mundo, ilusório mundo, quanto mais mergulho,
mais profundo encontro um forro atapetado de Matrix.
Terno preto, camisa preta, gravata preta, paletó preto,
sapatos pretos. Vi Dante, cabelos a James Dean!
Dá para entende este jogo? 
Caminhando de mãos dadas com Beatrix!
Com roupas de mortalha e passos convexos,
Beatrix caminha com Dante encurvado e côncavo.
Será que o mundo vai pegar fogo?
O discreto charme da burguesia
incendeia tudo com fogo de palha!
Mas abra o olho, pois este tipo de
fogo queima mais do que fornalha.

domingo, 9 de junho de 2019

Sensibilidade

Todo poeta é um calculista, porque mede a palavra necessária 
para encher o coração de um triste. 
Todo poeta é um matemático, porque encontra a palavra escondida, 
permitindo ao leitor encontrar o sentido da vida. 
A geometria do poeta é a poesia. Sua máxima equação é 
não deixar a existência vazia.
A numerologia do poeta é a licença poética, sem ela
a mensagem seria patética!
A equação do poeta é sempre uma razão sensível, 

ou seja encher o seu coração com o outro, 
o outro, o outro e multiplicar tanto a recepção 
que nunca esgota o seu nível.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Indagação

A vida? Um beco sem saída? 
O mundo? Uma saída pelo fundo!
Desde que o fundo não seja falso,
desde que o caminho não seja um calabouço,
a jogada é desafogar o colarinho
e amolar a sola do sapato e gastá-lo até ao osso.
Não posso dizer que havia uma única
pedra no meio do meu caminho, 
porque não havia somente uma pedra. 
Eu posso dizer que encontrei meu caminho no meio
de várias pedras e que cada uma delas 
pode nos levar mais longe que o próprio caminho.
São elas que nos levam ao encontro com todos.
São elas enfim a saída do citado beco.
São elas a ponte simbólica que nos
leva além do precipício do fundo.

Auto retrato

Sou poeta, por isto vos empresto meus olhos, meu coração e minha alma. 
Através de meus olhos podereis ver o que não percebia antes, não somente as coisas misteriosas que permanecem misteriosas, mesmo após decifradas, 
o que não é fácil de entender, porque o poeta não perde tempo com teoremas e enigmas, 
pois deles cuidam os cálculos e o raciocínio lógico, mas também de coisas singelas que vale a pena notá-las, 
como por exemplo um sol se pondo, uma flor pelo canteiro do caminho, um pássaro cruzando o céu, 
do vosso viver cotidiano, mas que estavam a anos luzes do vosso perceber. Também vos empresto meu coração, para sentir o que há de semente no pássaro, 
o que há de ninhos trançados nas árvores, o que há de fonte solar em tudo que há, mas que estavam tão perto de vós, 
que de tão perto se desfaziam ao longe. 
Vos ofereço por último a minha alma, para que possais intuir o ser, o ser uno e permanente, 
que vagueia no colorido do poente, que esvoaça nos ramos 
das árvores, que baila com o abrir 
e fechar das asas dos pássaros, cuja sinfonia vós não poderíeis ouvir porque lançastes o ser para bem longe de vós. 
Sou poeta porque não me afastei desta canção, 
deixei que as meninas dos meus olhos brincassem eternamente de pular corda na linha do horizonte.

Condição

Todo poeta é um calculista, 
porque mede a palavra necessária 
para encher o coração de um triste. 
Todo poeta é um matemático, porque 
encontra a palavra escondida, permitindo 
ao leitor encontrar o sentido da vida.
A geometria do poeta é a poesia. 
Sua máxima equação é não deixar a existência vazia.

Indagação

Uma pétala pode lembrar uma rosa. Uma rosa pode lembrar um jardim. Um jardim pode lembrar um amor. 
E se o amor se foi? Um passo pode lembrar uma caminhada. Uma caminhada pode lembrar um caminho. 
E se este caminho desviou o carinho? Um braço pode apontar uma distância. 
Uma distância de apenas traço.
E se este abraço foi sem importância? Um olhar pode lembrar uma paisagem. 
Uma paisagem pode lembrar uma colina. E se esta colina ficou impressa na retina?
Uma lágrima pode lembrar uma chuva. Uma chuva pode lembrar uma tempestade.
E se esta tempestade foi por apenas um copo d’água? Um grão de areia pode lembrar um deserto.
Um deserto pode lembrar um filme. E se neste filme não havia outra miragem?
Um convite pode lembrar uma festa. Uma festa pode lembrar uma alegria. E se esta alegria ficou entravada no peito?
Um adeus pode lembrar uma despedida.
Esta despedida pode lembrar um nunca mais. E se este nunca mais foi para sempre na vida?
Um retrato pode se pendurar numa parede. Uma parede pode resistir ao tempo.
E se o tempo desbotar o retrato?

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Indignação

Por onde leio poemas de protesto
ou artes à la belle époque?
Ergo um louvor ao cinismo ou mergulho
num mar de surrealismo e digo: que o
mundo se poque! Será que tudo vai tão
bem assim? Não é o que vejo ao lado!
Pode ser que o poeta em mim,
ainda esteja acordado!
Pode ser que o poeta em mim,
ainda tenha aquele reboque
contendo o antológico,
curtindo o inusitado, pois
observar para mim, é mais
que biológico, é mais que DNA,
é como se fosse um mágico toque,
que não nos deixa alienar!

Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...