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segunda-feira, 14 de agosto de 2023

De(cisão)

Jogo sobre esta mesa o celular.

Mudo o jogo. Deixo o fogo.

Faço desta mesa uma mesa de bilhar.

Não me prendo. Não me rendo.

Se ele me chamar, não atendo.

Olho nos seus olhos.

Vamos conversar.

Se ele é de silício,

os seus olhos são ônix.

Deixo que ele se escorregue

sobre a mesa, como uma

bola de bilhar.

Ficando fora do ar

eu consigo respirar.

Ficando fora do ar

fico mais aceso.

Se ele é binário,

seu pensar é ternário.

Para ficar antenado

há que deixar de lado

o celular.

Jogo-o sobre a mesa.

Joga(dor)...


Você 204

 

Quantos seres buscam o amor verdadeiro,

procuram pela fada que toca sua vara de condão,

lhes assinala seja ele o último, seja ele o primeiro,

seja aquele preso para sempre dentro do coração.


Porém, o tempo constantemente tange o cotidiano,

ele toca como ele mesmo quer o seu violino permanente,

dá-nos como primeira impressão a ideia de vivermos em vão,

ficamos à deriva na vida como se fosse na contramão!


Mas tudo isto minha gente não passa de lero engano,

porque quando menos esperamos, somos tocados pela tangente,

que nos atravessa o ser enquanto a gente se eleva, se agiganta!

O amor é uma lua nova, em um instante que se renova,

por mais que pensemos passar por uma lua nublada e minguante,

o amor é tão precioso que se transforma em poesia fulgurante!




Você 203

 

Em minha imaginação lhe faço um pedido: 
Qual o segredo e o maior sucesso de nós dois?

Nosso território é um espaço indefinido,
A começar somos dois em um e um em dois.

Um lugar não demarcado, lugar do lugar nenhum, 
um lugar que não se deve esquecer de procurar. 
Somos este lado encantado entre o sonho e o delírio

este lugar algum nos iluminando sem cessar com seu brilho.


Nós voamos sem deixar rastro ao estender nossas pegadas. 
Nos encontramos para buscar o que não foi encontrado, 
em direção ao viés com muitas saídas ramificadas!
Talvez como ponto ideal ou linha fronteiriça insana, 
o risco da fronteira, o traço que não é de ninguém, 
a volta do pavio que acende nossa chama.


Você 202

Sou um poeta e tenho dois céus,

sei cuidar plenamente de todos os dois,

um céu noturno como todos os seus,

mas tenho um céu antes deste céu depois.


Para me entender há de tirar seus véus,

desatar seus nós, pois não estou a sós,

todos irão retirar os seus chapéus,

um dos meus céus desata todos os nós!


Em um deles há uma presença espetacular,

fluindo como cordas de ouro de um bandolim.

Ele é tão imenso, penso estar fora de mim.

Sim, ele é o que abrange, o que reúne tudo,

ele é a paixão e com sua terna assinatura

forra-me interno com a doçura do seu veludo.


 

Você 201

Nas páginas do meu livro de poesias,

eu leio nos bordados de suas entrelinhas,

seu corpo como folha solta ao vento,

rodopia em torno de mim todos os dias.


São cachos de uvas de douradas vinhas,

são pétalas de sorrisos brindando alegrias,

são imagens floridas em meu pensamento,

formas delirantes de desejos flutuantes!


Vem bailando ondulosa dança do ventre,

suas curvas me desenham montanhas,

viajo por vales floridos, refrescantes!

Neles adormeço meu sono a contento,

não importando os sonhos delirantes.

Vai e vem nas pás de um cata vento! 

Você 200

Através do meu astrolábio miro seu olhar.  

Como um dançarino cigano ele volteia,

dança, ondula em uma onda do mar.

Um colibri instantâneo me incendeia.


Tão suave quando posto a me mirar.

Vestido de uma renda fina de seda

me envolve na soma perfeita de um par,

pois são dois olhos em arcos, uma seta,


Apenas uma seta que me toca, desperta,

uma brandura que me acalenta de perto,

sinto-me num oásis e já não estou no deserto.

Olhar que me recupera distantes reminiscências,

assim fixo em mim, desperta-me uma sabedoria,

há um sonido em um olhar perdido além das aparências. 

Você 199

A distância não nos deixou a sós!

Esteve ao nosso lado como uma ponte,

assim como a ponte sabe desatar nós,

longe, estamos juntos, mesmo que seja longe!


Sem perder a esperança somos heróis,

quando nos vermos, nos abraçaremos tanto,

que todos os horizontes nos darão seus sóis,

e todo o universo sobre nós derramará seu manto.



Nossos passos deixarão marcas em cada estrada,

eles ficarão ali impressos por testemunha e prova

de que vivemos em lua cheia mesmo quando era lua nova.

Toda a fragrância que vivemos nunca foi coincidência,

foi sincronismo, foi algo divino e mágico acontecido

cujo mecanismo não se explica no íntimo da convivência.


Você 198

Uma tarde ela chegou com uma sabedoria eclesiástica

e me ensinou que cada coisa tem seu tempo e cada tempo

tem sua hora, seu lugar e sua cena diferente com outra plástica,

com outro sentido, com outra dinâmica sopra o vento!


Se alguém quisesse coisificar tudo com outra matemática,

por mais sublime que fosse sua intenção, mais nobre seu intento,

não conseguiria colocar na vida ou aplicar com toda a prática

sua ideia no mundo, se perderia por completo, perdendo seu alento.


Somente é dono de si mesmo aquele que é do avesso no inusitado,

portanto não há uma regra completa e científica para tudo em tudo,

qualquer encontro perfeito é descompassado ou mesmo descoisificado.

Somente é feliz, somente é realizado quem entender com jeito o lapso

que abre uma fresta no tempo abrindo a janela do mundo com um laço,

porque tudo enfim se desaba, fica bobo e muda num beijo e num abraço.



domingo, 13 de agosto de 2023

Você 197

Está escrito em um pergaminho sagrado,

encontro infinito não é encontro programado, 

jardim bonito não é um jardim desenhado.

Está escrito no lampejo da estrela vespertina !


Que só serão eternos os triviais encontros, 

quando eles acontecem, acontecem e pronto!

Está no âmago de uma esmeralda cristalina,

que só há amor quando há sincronismo !


Ponteiros simétricos na hora do improviso,

eclodem espontaneamente numa volúpia

eclodindo-se a si mesma sem nenhum aviso.

Como um sabre amolado em pedra consistente

bifurcam nossos caminhos antes paralelos,

agora no mesmo instante, na beleza do presente.

Você 196

Um dia ela me disse, “siga o seu destino

procure a estrada que nasceu para seus passos!”

Porém, uma estranha ideia me deixou em desatino,

pois ela não me ensinou a desatar os nossos laços!



Conselho tão estranho, eu já não sou mais menino,

aliás, sendo adulto tenho até mesmo sonhos devassos,

porque trocar um viver tão romântico e tão cristalino,

por um caminho sem sentido de viveres tão escassos?



Não, ela não estava me dando conselho, enfim nenhum,

apenas me lançando uma condição de repensar a vida,

porque quando o destino é óbvio, não há outro algum!

Muitas vezes na nossa existência, é preciso repensar,

é necessário parar para entender o que estamos a viver,

porque mesmo sendo portos também somos mar!





Você 195

Mesmo que a tarde desça inerte pelos horizontes,

não retirará de nossos lábios o limiar destes suspiros.

Nem retirará para sempre de nossas frontes,

a doçura envolvente que nos eleva em nossos giros,


que embalamos nesta dança circular, enquanto

somos mais antigos que as estórias no papiro.

pois somos aqueles que se amam e no entanto,

somos originais em cada gesto ou cada desafio!


Viveremos o arquétipo mais glorioso de nosso mito,

porque sentimos que recuperamos a origem do nosso jardim,

pois tudo começou como uma atração infinda no paraíso perdido.

No início tudo era tão simples e vivia na plenitude de um encanto,

as coisas aconteciam como acontecem na mais densa naturalidade,

nascer um florzinha frágil à beira da calçada de uma rua da cidade.


Você 194

Nas janelas as lindas cortinas

eram tingidas e plissadas,

brilhavam em suas retinas,

em cores bem repassadas.


Além das janelas as colinas

estavam todas bem alinhadas,

os seus olhos de turmalinas,

tinham curvas como as estradas.


Forrava com meus carinhos

o teu corpo tão numinoso e

conhecia todos os caminhos.

Os seus toques de repente

em mim ressonavam por dentro

como se fossem cometas cadentes.




Você 193

Um dia ela chegou sorrindo,

sorrindo com calor e arte,

sorrindo como um dia lindo,

espalha luz por toda parte.


Mesmo ao vê-la e sentindo

uma doçura que não cabe,

com palavras de carinho

explicar o que já se sabe.


Aquilo que toca na gente

um mistério da natureza

de uma sintonia de repente.

Algo em forma de poesia,

algo do reino da beleza,

ah! meu Deus, quem diria!

Vc 192

Amor é lenta fornalha que arde

atenta no altar mor do coração.

É chama solene que nos invade,

é o céu perene beijando o chão!


Amor é girassol da afinidade

pelo caminho do sol então,

se faz em forma de saudade,

sendo a distância sua escuridão!


Amor é jardim que acolhe

em um palmo do seu cantinho,

a terna florzinha que escolhe.

Pode ser imortal em seu enlace,

suporta toda a dor e todo pranto,

mas nunca esvazia o seu cálice.

Você 191

Como uma sombra sem tom

nem de cinza, nem de nada,

nenhuma cor, nem marrom,

só penumbra e madrugada


Ela se estende como um som

numa leveza de uma fada,

em um toque do seu dom

nasce o tudo de um nada.


Com apenas um dócil gesto,

tudo se transforma em festa,

pois tem um poder ancestro

dentro do seu ser sobrenatural,

uma espécie de doce magia,

um romantismo em madrigal!

Você 190

Enquanto ela deslizava com instinto de pantera,

suas unhas pelo meu corpo em mágica derradeira,

brindávamos a vida em taças pela sala de espera,

incendiávamos nossos corpos como o fogo da lareira.


Atrativo sortilégio durava mais que toda uma era,

pois hidratava o espaço desde o chão, o teto e a beira

de toda aquela sala como o rodopiar de felina fera,

deslizando o seu corpo como borbulhar de cachoeira.


Voando além dos cachos, desatando todos os colchetes,

com a voz tremulante adocicando movimentos retorcidos,

lançando no vazio pleno o sumo dos momentos vividos.

Palacetes de ternura erguendo a cada segundo de segundo,

num compasso a lançar os ângulos a serem traçados,

mesmo depois quando dormíamos silenciosos e abraçados!





você 189

Do seu olhar de sereia um raio de luz surgia!

Seus glóbulos ofuscavam serpentários sibilos,

adentrando a penumbra fios da luz do dia,

espécie de galanto invicto dos seus cílios!


Ostentando brinde heróico arcabuz de alegria,

seta invencível do Deus Cupido nos silos,

freqüência de um respiradouro de ventania,

paixão imprescindível com sismos ígneos!


Aros ousados em plumas negras desafiantes,

ondulando o ambiente em curvas de tranças,

sempre diferentes quando mudam em instantes!

Malhas de arabescos se avultam e se encenam,

sequências de movimentos pelo ar flutuam,

olhos que serpenteiam quando em nós mergulham!


Você 188

Suas palavras em mim são ondas do mar,

sou a praia onde elas batem fazendo rendas,

suas palavras em mim chegam a bordar

as palavras que vou tecendo em poemas.


Suas palavras em mim estão a brilhar

como sementes ondulantes de açucenas,

suas palavras em mim vem me encantar

como cachos de uvas brotam serenas.


Você deslumbrante chama de minha lareira,

enquanto sou pás de moinho, você é o vento,

você é o ar que me move, você é meu alento.

Você é uma folha pequena dançando ao cair,

um bailado caindo em mim por dentro,

sou apenas o espaço imóvel a te servir!


Você 187

Entre nós rondava lenta a noite não anoitecida,

lá fora se estendia desatenta a bruma com espanto,

a escuridão ia acontecendo, porém desacontecida,

quanto mais nos envolvíamos num doce acalanto!


A gente nem percebia a hora por cada hora vivida,

entre nós todas as sombras se juntavam em um canto,

porque tudo passava e também passava despercebida

a nossa compreensão, o perceber de tudo, enquanto,


tudo durava eternamente, tudo solenemente erguido

em um cenário de alfombras, de perfumes e flacidez,

sem percebermos os momentos de cada minuto vivido,

sem tão pouco pensarmos que ali eram muitas viagens,

feitas em movimentos singulares, na meiguice, no entanto,

silêncio entre nós dois, embalo doce de nossas ancoragens!


Você186

Por onde caminham aquelas mensagens tão sinuosas,

rolando como águas turbulentas por baixo do que falamos,

enquanto em nós, uns atiraram pedras e outros jogaram prosas,

aumentaram, ou distorceram todas palavras que trocamos!


Desapareceram nas superfícies dos pedregulhos ou ardósias,

ficaram rotas e desnudas, perdidas, embriagadas nos escombros,

embora encontravam ecos e se repetiam em sons como sósias,

foram desaparecendo aos poucos, enfraquecendo aos tombos!


Surgiam naquelas ruas por onde andávamos, vindo dos olhares

curiosos dos cantinhos das janelas apoiadas em seus umbrais,

surgiam silenciosos nos observando por todos os lugares,

mas a nós pouco importava toda aquela estranha tagarelagem,

pois vivíamos momentos preciosos e nenhum daqueles pares,

tinha a alegria dos carinhos de nós vivendo soltos à margem!





Você 185

Como explicar direitinho porque te amei,

explicar com jeitinho, não sei o que faço,

ninguém saberá certinho do amor que sei,

nem o esplendor sensível do primeiro passo!


Nem ao pensar imensamente nunca pensei,

apesar de que pensar permanente é um laço,

pois se neste enlaçe solenemente me enlacei

além do círculo intenso, abrangente do abraço!


Como explicar docilmente em nossa presença,

a ausência infinita presente em cada instante

de passar o tempo ausente quando é constante!

Quando mesmo ausente não há ausência,

Quando se deseja não há nenhum desejo,

quando do tamanho do universo é cada beijo!



sábado, 12 de agosto de 2023

Você 184

Relembro a primeira vez

nem tinha lua, nem luar,

apenas beijei tua tez

e saí a voar pelo ar.


Relembro com nitidez

o brilho do teu olhar

iluminando minha timidez,

me perdi naquele lugar.


Tudo é belo e infindo,

tudo para num segundo,

tudo é sublime e lindo.

Quando a inocência é tudo,

há um saber profundo,

o tempo para, fica mudo!




Você 183

No canto mais recôndito do jardim,

sobre todas as árvores voam insetos,

umas folhas caem no banco de marfim,

uma brisa a tudo toca com mil afetos.


A noite a tudo encoberta com cetim,

lá fora o mundo é cheio de desertos,

você se senta bem juntinho a mim,

num único abraço estamos encobertos.


Não há no mundo outro recanto assim,

cheio de penumbra, rodeado de magia,

nem no meio do universo eu diria.

Abraçadinhos e presos somos libertos,

pois sabemos direitinho a regra do jogo,

assim quietinhos acendemos nosso fogo.


Realidade

Há coisas que nos fazem cair fora de si... Dependendo do vulto vale demais sonhar. Dependendo da penumbra nem vale a pena acordar. Acordar m...